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Mesmo submetidos a uma sabatina de eleitores indecisos, interessados em debater questões específicas de programas de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, e seu adversário, o tucano Geraldo Alckmin, encontraram brechas para trocar acusações, no último embate do segundo turno das eleições, na TV Globo.

Mas os dois se limitaram a fazer promessas e atacar o passado, sem apresentar soluções concretas.

Nas respostas, Alckmin criticava o governo Lula. E o presidente devolvia, censurando a gestão do presidente FH.

Rio – As regras do debate, feito em uma arena, permitiram que os candidatos circulassem à vontade pelo estúdio. Doze eleitores indecisos, selecionados pelo Ibope, fizeram perguntas, nos três primeiros blocos. Na primeira, em que o eleitor queria saber as propostas do candidato para educação, Alckmin criticou o atual governo, por não ter aprovado o Fundeb. Lula reagiu, reconhecendo que o setor ainda está longe do ideal. Mas disse que a responsabilidade é de seus antecessores.

"A educação no Brasil não está de boa qualidade. É uma responsabilidade histórica. Não de um ou dois governos", afirmou o presidente.

O tucano seguiu a cartilha e permaneceu no tom crítico:

"A gente fica triste ao saber que há 2,5 milhões de crianças fora da escola no ensino fundamental. Fora o ensino infantil, que precisa ser universalizado. O trabalho infantil dobrou. Criança não é para trabalhar", afirmou Alckmin, que provocou em Lula a primeira demonstração de ironia:

"Debate é bom porque cada um fala o que quer, do jeito que quer. Vou dizer o que foi feito nos último quatro anos. Criamos 48 extensões universitárias. E quatro universidades", reagiu o petista.

Alckmin, então, acusou Lula de ter criado universidades "às vésperas das eleições".

A discussão sobre a Previdência, em resposta à pergunta da curitibana Denise Ciepolo, voltou a causar rusga entre os adversários. Alckmin afirmou que o Brasil vem crescendo pouco. "Menos que o Uruguai, o Paraguai e a Bolívia" e que mais da metade dos trabalhadores estão na economia informal.

"As pessoas nem sempre medem as palavras. O meu adversário fala como se nunca (os tucanos) tivessem governado o Brasil", disse Lula, fazendo, mais uma vez, referência ao governo Fernando Henrique.

O presidente afirmou que a Previdência tem hoje uma "cobertura extraordinária". Ele afirmou que, caso seja reeleito, vai conseguir acabar com o déficit da Previdência. Já Alckmin afirmou que vai diminuir os encargos sobre a folha de pagamento, "para gerar mais empregos".

"Por que o senhor deu R$ 9 bilhões para os aposentados de um fundo de pensão de uma estatal e vetou o aumento para os aposentados do INSS?", provocou o tucano.

Lula respondeu, citando o nome do fundo de pensão. E afirmou que a Previdência viveu bons tempos em outros momentos do país porque o número de beneficiários era menor.

"O fundo é o Petrus. Os trabalhadores da Petrobrás negociaram pelo aumento. Houve um tempo em que a Previdência tinha muito dinheiro. A Transamazônica e a ponte Rio–Niterói foram construídas com o dinheiro da Previdência."

Ao falar sobre saúde, Alckmin disse que a assistência farmacêutica faz parte do SUS:

"Trabalhei como médico em hospital público e como médico em Pinda. O povo está sofrendo com a questão da saúde. Crise na Santa Casa em Manaus. Aqui no Rio temos um quadro muito grave de saúde, saúde deteriorada. Ano passado o governo federal arrecadou R$ 30 bilhões só com a CPMF. Quando cai qualquer débito na conta, está pagando. A gente vê o povo sofrendo."

Lula reagiu:

"No meu governo, passamos de R$ 1 para R$ 3,7 para que possa dar remédio de graça."

"Não está em discussão aqui o governo de São Paulo. Mas é importante destacar. Fizemos 19 hospitais. O candidato Lula disse que a saúde está chegando à beira da perfeição. Eu vejo diferente. Está muito ruim. A saúde foi sucateada. O genérico regrediu. Outro dia eu vi o presidente dizendo que vendia mais barato insulina. Meu compromisso é trabalhar pra valer para recuperar a saúde", respondeu Alckmin.

Lula afirmou que estados e prefeituras recebem repasses de recursos do governo federal:

"Alckmin não percebe que os diabéticos precisam desses recursos. Ele diz que piorou, mas ele não diz como era quando eles governaram."

Alckmin revidou:

"Arrecadou R$ 30 bilhões. Desperdício, sanguessugas. Eles pagam R$ 2 por uma consulta para tratar de uma criança. Essa é a saúde no Brasil, que está ótima. Equipamentos atrasados. A Constituição é clara. Saúde é direito do cidadão. É vida."

O eleitor Manoel Berto perguntou aos dois sobre plano de governo para saneamento, dizendo que já teve a casa invadida pelas águas em enchentes. Lula respondeu:

"Eu sei do que é enchente. Em todas as casas que morei em São Paulo, um metro e meio de água entrava lá em casa. Já investimos R$ 12,9 bilhões no país em saneamento. De 1998 a 2001, praticamente não se investiu em saneamento no Brasil."

Alckmin aproveitou para falar dos programas que fez em seu estado, como governador e, antes, como vice de Mário Covas:

"São Paulo não tinha um piscinão antes do governador Covas. Temos hoje 22 piscinões para combater enchentes. Eu vou trabalhar para combater enchente", disse ele, contestando o que Lula dissera, que aumentou os investimentos no setor.

O último bloco do debate um candidato perguntava para outro. Alckmin foi sorteado. Iniciou o discurso, mas não conseguiu fazer a pergunta. Lula aproveitou a chance para fazer propaganda do seu governo.

O programa terminou com ambos pedindo votos e antes da meia-noite para não ferir a legislação eleitoral.

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