OAB vai acompanhar investigação policial

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Cascavel – Dois advogados indicados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção de Cascavel, vão acompanhar a investigação da polícia que apura a morte de duas pessoas durante a nova invasão da fazenda da multinacional Syngenta Seeds, no último dia 21, em Santa Tereza do Oeste. A medida foi tomada depois que o advogado Hélio Ideriha Júnior, que defende os interesses da empresa NF Segurança e dos seguranças indiciados no inquérito policial, denunciou que a polícia estaria agindo de forma tendenciosa no caso.

O presidente da OAB em Cascavel, Luciano Braga Cortes, disse que a denúncia é grave. "Vamos constatar se está havendo ou não alguma parcialidade. Se percebermos irregularidades faremos a denúncia ao Ministério Público e à Corregedoria da Polícia Civil", disse. A OAB indicou o vice-presidente da subseção de Cascavel, Lauri da Silva, e o advogado Marcelo Navarro Moraes para acompanhar o caso.

A denúncia se fundamenta nos resultados do caso até o momento: embora tenha ocorrido um tiroteio, com mortos e feridos a tiro tanto entre os sem-terra quanto entre os seguranças, a polícia indiciou dez pessoas e nenhum sem-terra entre elas. Foram indiciados os sete seguranças presos em flagrante no dia 21 (eles ficaram presos oito dias e tiveram a prisão relaxada pela Justiça), outros dois seguranças intimados a depor nesta semana e o dono da NF Segurança, Nerci de Freitas. Todos por homicídio doloso, formação de quadrilha e exercício arbitrário da razão (fazer justiça com as próprias mãos). Todos os sem-terra foram ouvidos e liberados.

O delegado do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) que comanda as investigações, Renato Bastos Figueroa disse que a denúncia "é uma medida que visa desviar o foco das atenções". Ele afirma que a polícia está interessada em juntar provas para confirmação de autoria dos homicídios, especialmente os laudos técnicos da criminalística. Amanhã, será feita a exumação dos corpos do sem-terra Valmir Mota e do segurança Fábio Ferreira por profissionais do Instituto Médico-Legal de Curitiba. A exumação foi determinada pela Justiça atendendo pedido do Ministério Público para verificar em que condições eles foram baleados. Existe a suspeita de que o sem-terra teria sido executado.