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Linha Verde: conclusão agora é prevista para 2012 | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Linha Verde: conclusão agora é prevista para 2012| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

O anúncio da prefeitura de Curitiba de que apenas o trecho Sul do metrô estará pronto até a Copa de 2014 chama a atenção para outra das principais obras do mandato do prefeito Beto Richa (PSDB): a Linha Verde. Nos dois casos, o município anunciou eixos de transporte que ligariam as regiões Norte e Sul, o planejamento foi revisto e a execução foi dividida em duas etapas. Entretanto, quase um ano depois da entrega da etapa Sul da Linha Verde, a parte Norte deverá ser iniciada apenas no segundo semestre de 2010. "Até o fim de 2012 devemos ter a Linha Verde concluída", afirma o presidente do Instituto de Pla­­nejamento e Pesquisas de Curi­­tiba (Ippuc), Cléver de Almeida.

O projeto do trecho Norte da Linha Verde está sendo revisto. Depois, será iniciado um período de licitações para a execução da obra. Os oito quilômetros da segunda etapa estão estimados em R$ 160 milhões. Do total, 37 milhões de euros (o equivalente a cerca de R$ 95 milhões) devem vir a partir de um financiamento com a Agência Francesa de Desenvolvimento. O restante deve ser arcado pelo município. O que motivou a divisão da execução da Linha Verde em duas etapas foi a desvalorização do iene (moeda em que o empréstimo havia sido feito) pela metade desde que o contrato com o Banco In­­ternacional de Desen­volvimento (BID) foi firmado em 2003.

Há risco de que as obras do metrô também passem por um período de estagnação caso o apoio do governo federal a partir do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Copa contemple apenas a primeira etapa do projeto, estimada em R$ 1,2 bilhão. Para o engenheiro civil Ricardo Bertin, mestre em Transportes, por se tratar de uma obra que envolve um grande volume de dinheiro, esse é um risco sempre existente. "Não acredito que haja uma paralisação prolongada, já que existe pressão dos usuários e existe demanda", avalia. O especialista explica que obras públicas po­­­dem ser interrompidas por falta de verba, por mudança política ou devido ao surgimento de outras demandas.

O risco político também é citado pelo engenheiro civil Eduardo Ratton, professor do Depar­­tamento de Transportes da Uni­­versidade Federal do Paraná (UFPR). "O risco existe. As promessas são muitas por questão política. Entra um novo governante que pode ter outras prioridades", opina. "Falar em paralisação de uma obra que ainda nem começou? Claro que riscos existem e precisam ser considerados num processo de planejamento. Não é um serviço de futurologia", considera o presidente do Ippuc.

Os especialistas concordam que o metrô seja uma necessidade para a atual conjuntura do trânsito em Curitiba. "Tem de começar por algum trecho, pelo primeiro metro. Está na hora de começar", afirma Bertin. "O metrô é necessário. Acho que nem a metade sai [até a Copa]. Claro que é um começo", diz Ratton.

Contudo, Almeida reforça que não se pode comparar o que aconteceu com a Linha Verde com o projeto do metrô. "Do metrô é uma equação diferente. A lógica é outra. A nossa parte está sendo feita para que não haja nenhum problema. É o que podemos garantir neste momento", afirma o presidente do Ippuc. "No caso da Linha Verde, o iene desvalorizou. É uma questão que não há planejamento que possa resolver", complementa. Ele explica que a execução do trecho Sul do metrô em um primeiro momento está ligada a uma questão de prioridade devido à demanda existente no trecho, a localização da Arena da Baixada e do local em que será fixada a estrutura operacional do novo modal. "Todo metrô é feito em partes. Tem um caminho a ser percorrido", explica.

A prefeitura está otimista com o apoio financeiro vindo do governo federal. "Estamos apostando no PAC da Copa", diz Al­­meida. O ministro do Pla­­ne­­jamento, Paulo Bernardo, no en­­tanto, afirmou que Curitiba não deveria contar com o dinheiro da Copa, já que a obra não é essencial para os jogos, e afirmou que outras fontes de financiamento são mais prováveis. "O metrô é algo que será incorporado à cidade. É um legado que fica", afirma o presidente da Urbs, empresa que controla o trans­­porte público em Curitiba, Marcos Isfer. Corrigindo uma informação passada anteriormente pelo Ippuc, Almeida conta que o pedido dos R$ 800 mi­­lhões para a segunda etapa do metrô já foi feito ao governo federal para o PAC da Copa. "Para fazer qualquer obra, precisa-se de recurso. Se os recursos não vêm, não tem obra. Teremos de correr atrás de ou­­tras formas", conclui.

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