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De fora

Apesar do cenário promissor, não existe nenhum grupo organizado da atividade em Curitiba. Os praticantes normalmente se conhecem e mantêm contato através de redes sociais e e-mails. Segundo Sobania, grande parte dos que procuram a observação de aves por aqui é de estrangeiros. "Metade dos turistas que atendo são dos Estados Unidos. Os outros 50% são europeus principalmente da Inglaterra."

De dentro

Não se sabe ao certo quantas pessoas visitam a capital ou o Paraná exclusivamente para a observação de aves, ou quantos praticantes existem no estado. No Wikiaves – site colaborativo dedicado à atividade no Brasil – existem 1.045 paranaenses registrados e 639 espécies catalogadas. Straube afirma que através dos grupos de discussão sobre aves na internet é possível perceber o crescimento diário de praticantes e interessados. "Há seis meses criei um grupo chamado identificação de aves. Temos 3 mil membros, entre brasileiros e estrangeiros. Só nos últimos dois meses, admitimos 262 novos integrantes", diz.

Faz como?

O birdwatching pode ser praticado de diversas maneiras. Na maioria das vezes, os observadores carregam um binóculo e uma câmera fotográfica para registrar a espécie encontrada. A tecnologia é aliada nessa atividade. "Usamos smartphones para reproduzir os sons dos pássaros e atraí-los", diz Sobania.

Straube destaca que a observação de aves pode ser praticada por todos os tipos de pessoas. "Não tem idade. Temos desde observadores crianças até idosos. Também encontramos profissionais de todas as áreas. Não é uma atividade apenas para especialistas", afirma. Em comum, ele destaca, apenas o interesse por aves.

      Quando se ouve falar em birdwatching, termo utilizado para designar a prática de observação contemplativa de aves, não se imagina a amplitude desse tipo de atividade no Brasil e no mundo. Apesar do pouco incentivo, o Paraná é um dos destinos mais procurados pelos adeptos desse tipo de turismo. E Curitiba – embora tenha fama de chuvosa e pouco ensolarada – concentra mais da metade das espécies de aves encontradas no estado. De quebra, está próxima de regiões verdes completamente diferentes, como a de Campos Gerais e a Mata Atlântica.

      No país, o Paraná é um dos poucos estados que tem levantamento completo de suas espécies de aves. Isso é um diferencial positivo na escolha do destino pelos turistas, afirma o ornitólogo Fernando Straube, diretor da Hori Consultoria Ambiental. De acordo com ele, das 756 aves catalogadas no Paraná, 400 podem ser vistas em Curitiba. A maioria está concentrada no corredor verde de parques junto ao rio Barigui.

      Os adeptos do birdwatching viajam exclusivamente para ver de perto – e normalmente fotografar – espécies exóticas de pássaros e aves de rapina. Nos Estados Unidos, a prática é um dos tipos de turismo mais rentáveis, mas no Brasil ainda sofre com a falta de incentivos.

      Agora, o Instituto Muni­cipal de Turismo de Curitiba (Ctur) estuda a implantação de um circuito autoguiado para a observação de pássaros pelos parques da capital. O roteiro será determinado por especialistas e deve abranger áreas como Barigüi e Tingui, a Universidade Li­­vre do Meio Ambiente e o Bosque Alemão.

      Cristiane Santos, diretora de Turismo do Ctur, afirma que o roteiro deverá ser finalizado até abril.

      Embora setembro e outubro sejam os meses mais indicados para observação de aves, a cidade recebe a visita de espécies migratórias vindas do sul do continente no inverno, o que possibilita a prática durante o ano inteiro.

      Segundo Raphael Soba­nia, guia de birdwatching há 20 anos, duas espécies raras, encontradas somente na região Sul, atraem muitos turistas: o Cisqueiro (Clibanornis dendrocolaptoides), que ilustra esta página, e a Corujinha-do-Sul (Megascops sanctaecatarinae).

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