A diarista Maria (nome fictício), 35 anos, três filhos, quase morreu por conta de uma facada nas costas desferida pelo marido. "Tudo começou com uma discussão durante o almoço. Ele se irritou porque ela nos procurou e contou que sofria ameaças", diz a delegada Darli Rafael, titular da Delegacia da Mulher de Curitiba. O homem foi preso com base na Lei Maria da Penha no dia 27 de outubro do ano passado. Contra ele pesam a tentativa de homicídio, as ameaças à esposa e uma lesão corporal contra outra pessoa. Ele está detido no Centro de Triagem de Piraquara.
Casos como o de Maria são parte do cotidiano da Delegacia da Mulher e mostram como funciona o mecanismo da violência doméstica, principalmente depois que a mulher procura a polícia. A delegacia, no entanto, tem uma estrutura que precisaria ser melhor para atender a esses casos.
O flagrante do marido de Maria foi feito pela Delegacia da Mulher porque o fato ocorreu na hora do almoço. Se fosse à noite, o agressor iria parar no plantão dos distritos policiais. A unidade especializada no atendimento feminino fecha à noite, horário em que ocorrem a maioria dos problemas. A unidade é responsável por investigar violência doméstica e outros delitos. Na terça-feira passada, por exemplo, um empresário foi preso em flagrante após bater numa mulher, numa briga de trânsito no centro de Curitiba.
A delegacia tem uma estrutura reduzida, conta com seis investigadores, três escrivães, um delegado, mais quatro agentes de apoio, uma socióloga e sete estagiários. O ideal seria ter no mínimo 12 investigadores e de quatro a seis escrivães.
A delegada Darli Rafael está aguardando a recomposição do pessoal para melhorar o fluxo de atendimentos, durante 24 horas. A juíza Luciane Bortoleto, titular do Juizado de Violência Doméstica e Familiar, cobrou melhorias na estrutura do secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari. Ele teria prometido reforçar a equipe.
Apesar da equipe enxuta, a delegacia enviou mais de 150 inquéritos para o juizado neste ano. Com base nos inquéritos são feitas audiências de representação (em que a vítima precisa autorizar a abertura da ação). Há ainda outros 150 inquéritos a serem instaurados e outros 400 registros que as vítimas estão sendo chamadas para comparecer à delegacia.
Extremos
Os casos de violência doméstica muitas vezes chegam a limites extremos. Há cerca de seis anos, um homem que passou pela delegacia tentou matar a ex-mulher, o sogro e a sogra dentro do Juizado Especial Criminal de Curitiba. Ele concretizou ameaça feita anteriormente no saguão do juizado, enquanto aguardava uma tentativa de acordo. Feriu três pessoas e fez oito reféns por cerca de 12 horas, até se entregar no início da madrugada do dia seguinte.
Justiça suspende norma do CFM que proíbe uso de cloreto de potássio em aborto
Relatório americano expõe falta de transparência e escala da censura no Brasil
STF estabalece regras para cadastro sobre condenados por crimes sexuais contra crianças
Órgão do TSE criado para monitorar redes sociais deu suporte a decisões para derrubar perfis
Deixe sua opinião