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Cascavel – Cerca de 300 sem-terra, entre homens e mulheres, ocuparam na manhã de ontem a fazenda Kely, em Cascavel. A ação marca o início do "Setembro Vermelho" uma nova jornada de luta pela reforma agrária anunciada recentemente pelo MST (Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra). De acordo com a Polícia Militar de Cascavel, a ocupação foi pacífica.

Os primeiros sem-terra entraram na fazenda, de 840 hectares, ainda durante a madrugada. Os demais vieram em seguida com carros de passeio, caminhonetes e até caminhões. De acordo com Celso Ribeiro, da liderança do MST no Oeste do Paraná, as famílias são oriundas de diversos acampamentos da região, entre Lindoeste, Campo Bonito, Guaraniaçu e Cascavel. Ribeiro afirmou que a meta é colocar 200 famílias na fazenda Kely, que é de propriedade da rede de Supermercados Rimafra, com sede em Toledo, mas estaria sob penhora do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e do governo do Estado.

O MST pretende que o imóvel rural seja destinado à reforma agrária para atender a demanda regional. De acordo com o MST, há pelo menos duas mil famílias vivendo em acampamentos espalhados pelo Oeste do estado, aguardando a inclusão no processo de reforma agrária do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). O chefe do escritório regional do Incra/Cascavel, José Uliano Camilo, soube da ocupação da área pela imprensa.

Camilo pretende se reunir hoje com as lideranças do MST para discutir a questão. Segundo ele, a fazenda não consta na lista dos imóveis ofertados para a reforma agrária na região de Cascavel. O comando do 6.º Batalhão da Polícia Militar (BPM) de Cascavel, enviou equipes de policiais acompanham de longe o deslocamento dos sem-terra na fazenda, que fica a pelo menos 25 quilômetros de Cascavel. A Polícia Militar informou que a situação no local é tranqüila.

Três famílias moram na propriedade, que está arrendada. Segundo Ribeiro, os moradores decidiram permanecer na fazenda. Ribeiro também garantiu que os maquinários e os insumos agrícolas existentes serão liberados ao arrendatário. A ocupação marca o início do "Setembro Vermelho" com ações em todo o país. De acordo com o MST, haverá ainda manifestações e atos de protesto contra a política econômica e pela reforma política, com a ocupação de agências bancárias e repartições públicas.

O MST garante que as ações não se restringem ao 7 de Setembro, quando o movimento participou do Grito dos Excluídos, organizado em conjunto com a CNBB, CUT e outros grupos sociais. O mês foi escolhido para concentrar as atividades que antes eram realizadas em abril, quando os sem-terra lembram o massacre ocorrido em Eldorado dos Carajás, em 1996, com a morte 19 sem-terra em confronto com policiais militares.

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