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A espera por uma consulta com médicos especialistas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) pode chegar a até seis meses em Cascavel. De acordo com a Central de Agendamento de Consultas Municipal, ligada à Secretaria de Saúde local, 18.377 pessoas aguardam nos postos de saúde por uma consulta especializada. A maior procura ocorre nas especialidades de oftalmologia (4.450 pessoas), dermatologia (3.011), cardiologia geral (2.540), ortopedia (2.558) e neurologia (1.354).

Apesar das tentativas de humanizar e melhorar o atendimento aos pacientes do SUS, os problemas se tornam evidentes com as longas filas de pacientes registrados nos 31 postos de saúde de Cascavel. A situação é mais crítica nas unidades onde há concentração populacional, como são os casos dos postos do Santa Cruz, Interlagos, Floresta e Cascavel Velho.

Mas as marcas maiores ficam estampadas nos rostos dos homens e mulheres que necessitam do atendimento especializado. Cansados e desanimados, os pacientes não têm outro recurso se não esperar até que o posto confirme o atendimento.

A maioria das 18.377 pessoas da fila é de origem pobre e nem sequer tem dinheiro para garantir uma vida decente para os seus filhos. Tereza Fernandes de Ávila, 59 anos, aguarda desde abril passado uma consulta com um nutricionista a fim de orientá-la sobre a alimentação correta para regular a sua diabete. "Se a consulta fosse mais rápida evitaria o sofrimento que a gente passa esperando pelo atendimento do SUS", diz. Desanimada, ela vai recorrer aos serviços da uma universidade particular para realizar a consulta com um nutricionista.

O motorista Marcos Narciso Longo, 31 anos, descobriu há dois meses que sofre de insuficiência renal. Desde então, a vida dele é correr atrás do posto de saúde do Guarujá, zona sul de Cascavel, em busca de uma consulta com um neurologista. "A demora é prejudicial porque não há continuidade no tratamento. Agora fico dependendo de uma outra avaliação médica e nesse intervalo eu poderia estar fazendo o tratamento contra a doença", explica.

Ele só depende da análise do neurologista para se submeter às primeiras sessões de hemodiálise pelo SUS.

A dona de casa Maria Aparecida Torres, 55 anos, foi na última segunda-feira no posto de saúde do Parque São Paulo, mas voltou sem marcar a consulta com um neurologista. Ela foi informada pelas atendentes que as consultas com um especialista só estão sendo agendadas para o ano que vem. Reclamando de dores de cabeça, ela diz que a justificativa do posto pela demora é que há mais casos urgentes na fila.

Para o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Antônio Koslowski, a situação é reflexo do mau gerenciamento do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste do Paraná (Cisop), responsável pela oferta de consultas com especialistas. Até o fim do ano, o conselho pretende discutir a questão com as autoridades de saúde. "Ou o consórcio funciona e resolve os problemas ou vamos pedir a saída de Cascavel do sistema, mesmo sendo a cidade a referência no atendimento de especialidades da região", ameaça.

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