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Uma pilha de tábuas em um caminhão. Esse foi o fim da casa da professora aposentada Wilma Sueli Silva, 44 anos, e de mais sete famílias que invadiram parte de um terreno baldio na esquina da Rua dos Funcionários com a Rua Eça de Queiroz, no bairro Ahú, em Curitiba. O grupo teve que deixar o local, conhecido como Vila Domitila, por conta de um mandado judicial expedido pela 22.ª Vara Cível, ontem de manhã. Três carros da Polícia Militar acompanharam a retirada das pessoas. Todas as famílias despejadas moram em casas de aluguel em outros bairros de Curitiba.

Wilma, quatro irmãos e familiares ocuparam o terreno, de 4,2 mil m2, no último dia 8. Cinco dias depois, a proprietária do lote, a aposentada Maria de Lourdes Rodrigues, entrou na Justiça para garantir a reintegração de posse.

O lote invadido pelo grupo é alvo de uma briga de longa data na Justiça com o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). De acordo com a advogada Cristiane Melluso, a área de Maria de Lourdes é um dos lotes vendidos na década de 1970 por herdeiros que receberam o terreno por meio de um inventário feito depois da morte do dono, o francês Jorge Polysu.

Já de acordo com o INSS, possivelmente o terreno faz parte de uma doação de 191,5 mil m2 feita pelo ex-governador do estado Caetano Munhoz da Rocha Neto ao então Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários, em 1940. Em 1970, começaram as invasões de terra no local. Essa é também a época em que Maria de Lourdes fez a compra da sua parte no terreno.

Segundo o advogado dela, Humberto Constantino, o INSS entrou com uma ação para anular a matrícula da compra de Maria. "Por isso que ela nunca investiu em construção no terreno. Está vazio porque tem uma ação pendente na Justiça, por causa do litígio do INSS, que ainda está em trâmite", afirma.

Processo

Os 4,2 mil m2 invadidos compõem metade da propriedade de Maria. A outra metade foi ocupada por moradores depois de um acordo na Justiça que garantiu a posse da área a Etelvina da Maia Machado, conforme dados que constam no pedido de reintegração de posse.

Enquanto o processo corre na Justiça, famílias tentam construir imóveis no terreno abandonado, apenas destacado por uma cerca. "Só queríamos ficar alguns anos sem pagar aluguel. Não queríamos possuir a terra. Se tivéssemos dinheiro para construir mansão, a gente não precisava disso", afirma Wilma, que paga R$ 320 de aluguel em uma casa no Bom Retiro.

A fuga do aluguel é o mesmo motivo alegado pelo eletricista Luiz Carlos Rodrigues. Ele mora em uma casa alugada no mesmo bairro. O aluguel, segundo ele, ocupa metade de seu orçamento: R$ 750. "O que me ajuda são os bicos que faço. Ninguém está aqui para brigar nem para tomar posse", afirma.

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