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Kátia Gori, de Paranaguá, estava em Blumenau na enchente do ano passado e ajudou a salvar as mercadorias da loja do irmão | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Kátia Gori, de Paranaguá, estava em Blumenau na enchente do ano passado e ajudou a salvar as mercadorias da loja do irmão| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Blumenau (SC) - As roupas doadas, as garrafas de água recebidas e os mantimentos estocados deram lugar a pinturas coloridas, flores e trajes típicos alemães. Entre novembro de 2008 e março de 2009, os três pavilhões de 25 mil metros quadrados da Vila Germânica, em Blumenau, funcionaram como central de armazenamento de doações. Levaram para lá, num único dia, mil voluntários e funcionários da prefeitura, que ajudavam na seleção do material enviado aos atingidos pelas enxurradas. O clima era de tristeza pela tragédia.

Agora, a Vila Germânica se transformou no palco da Oktoberfest, que começou quinta-feira e termina no dia 18. A festa surgiu em 1984 justamente para alegrar os blumenauenses, que tinham sido atingidos pela maior enchente registrada até então. O nível dos rios subiu de repente e moradores perderam bens dentro de casa. Logo a água baixou de novo. No ano passado, a história foi diferente. A água fez com que muitos morros deslizassem e caíssem sobre casas. O desastre foi maior.

Essa será a primeira Oktober­fest após as enxurradas do ano passado. A festa vem para trazer alegria aos habitantes, que levaram um susto recentemente. No último fim de semana, choveu forte. A chuva ficou mais fraca durante a semana, mas impediu a realização do desfile de abertura da festa. "Agora está todo mundo em alerta", diz a recepcionista Marina da Silva, que trabalha no posto de informação turística. Mesmo assim, ela acredita que o público será bom.

Animação

Apesar disso, o músico Sérgio Antônio dos Santos acredita que a festa irá, sim, animar os blumenauenses: "Na hora em que acontece a tragédia com a população blumenauense, todo mundo se abraça. Quando chega a festa, é hora de descontrair". Sérgio irá fazer 27 apresentações durante a Oktober. Em alguns dias, irá tocar das 21h30 à meia-noite. Irá descansar algumas horas para voltar ao palco das 2h50 às 5 horas.

Ontem pela manhã, Sérgio já estava tocando em trajes típicos alemães em uma praça no Centro de Blumenau. Quem via tanta alegria nem imaginava o sufoco que ele passou no ano passado. O músico conta que a primeira morte registrada no município por causa da chuva de novembro foi a de uma vizinha sua. A casa dela foi soterrada; ele e mais 14 pessoas correram para tentar resgatá-la dos escombros. "Che­­gamos e escutamos um choro rápido. Todo mundo tentou tirar a criança. Não conseguimos", lembra.

A Vila Germânica, que será palco para Sérgio, também sofreu no início as consequências da chuva. Chegou a ficar alagada com um metro de água. Os comerciantes do local correram para tirar as mercadorias. Kátia Gori foi uma delas. Ela é de Paranaguá e vem sempre para Blumenau ajudar na loja do irmão. Estava pela cidade em novembro e depois de sete horas conseguiu levar as mercadorias para uma construção mais alta. Kátia está entusiasmada e diz que a festa deste ano será boa. Mas diz que, para ficar melhor, o sol bem que poderia aparecer. "O sol anima mais a gente do que o chope", afirma.

O blumenauense está encarando essa Oktober como a festa da reconstrução, segundo o presidente da Vila Germânica, Norberto Mette. Ele promete diversão, como desfiles no calçadão, concurso nacional de chope em metro, festa especial para os idosos, apresentação de grupos folclóricos e venda de chope e de cervejas artesanais. Entre os turistas de outros estados, os maiores frequentadores são os paulistas. "Tenho sentido que as pessoas não têm informações de que a cidade se recuperou, de que está bonita novamente. Mesmo assim elas têm vontade de vir e querem mostrar solidariedade", afirma o presidente. O público da Oktober em 2008 foi de 590 mil pessoas. Para 2009, Mette espera atingir 700 mil foliões.

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