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Elivelton Oliveira da Silva, 14 anos: depois da oficina, o presente e a vontade de se tornar fotógrafo profissional | Antonio More/Gazeta do Povo
Elivelton Oliveira da Silva, 14 anos: depois da oficina, o presente e a vontade de se tornar fotógrafo profissional| Foto: Antonio More/Gazeta do Povo

História

Câmera traz fascínio há mil anos

A primeira descrição de algo parecido com uma câmera fotográfica foi feita por um árabe, que viveu há cerca de mil anos. Ele descobriu como se formavam imagens dentro de sua tenda quando a luz do sol passava por frestas do tecido.

A palavra câmera significa quarto escuro e no século 16, as câmeras escuras eram usadas por artistas como Leonardo da Vinci para desenhar. Os irmão franceses Jean Niceforo e Claude Niepce são os mais conhecidos pesquisadores que relacionaram a luz com imagem e câmera escura.

O grande desafio foi a fixação da imagem, que somente foi obtida em 1839, por Daguerre. A fotografia colorida surgiu anos depois, em 1861, pelo físico matemático escocês James Clerk. Até o século 20, o processo fotográfico era artesanal. (TD)

A imagem, o clique e algumas pessoas em torno de uma câmera. Esses são elementos comuns de uma oficina de fotografia. Mas quando o curso ocorre dentro de um hospital, o fascínio sobre a máquina fotográfica fica ainda mais intenso e por alguns instantes crianças e adolescentes submetidas a tratamento de saúde esquecem um pouco do sofrimento. Assim tem sido nos quartos e corredores do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, que aposta no uso da imagem para humanizar a relação com os pacientes.

Foi dentro do hospital que Elivelton Oliveira da Silva, 14 anos, teve seu primeiro contato com a fotografia. O menino, que sofre de problemas renais, há um ano passou por um transplante de rim. Antes disso, durante quatro anos, sua rotina de tratamento exigia que ele fizesse hemodiálise quatro vezes por semana. Agora está internado porque foi acometido por uma forte anemia. Foi nestas idas e vindas que ele participou de uma das oficinas de fotografia dentro do hospital. Gostou tanto que ganhou uma câmera digital do pai de outro paciente e agora sonha em ser fotógrafo. "Não largo da câmera. Achei muito legal poder participar de outra oficina. Assim aprendo mais", conta.

Já Elaine Cristina Conceição, 19 anos, nunca tinha tido a oportunidade de aprender a fotografar. Ela, que sofre de Lúpus, é paciente do hospital há dez anos. A jovem conta que pretende seguir a profissão de publicitária e que gostaria de fazer um curso de fotografia. "Acho muito importante este tipo de atividade no hospital, pois ajuda na nossa recuperação. O ambiente não é o ideal, mas uma oficina como esta nos distrai", ressalta.

Parceria

O projeto é feito a partir de uma parceria entre o Hospital Pequeno Príncipe e a organização governamental (ONG) Ima­­geMagica. A organização já realizou este tipo de atividade em 40 hospitais do Brasil. De acordo com a coordenadora do núcleo educacional da Image­Magica, Gabriela Prado, a ideia é proporcionar a reflexão sobre o cuidar. "Todos que estão no hospital, pais, enfermeiros, médicos e outros profissionais acabam sendo envolvidos indiretamente. Usamos a foto como uma ferramenta de comunicação", diz. Além dos pacientes tirarem fotografias, o projeto prevê exposição das imagens produzidas e as fotografias são impressas e entregues aos pacien­­­tes e acompanhantes.

A coordenadora do setor de educação e cultura do Pequeno Príncipe, Maria Gloss, ressalta que o hospital iniciou suas atividades há 90 anos no Brasil e foi o pioneiro na adoção de práticas de humanização. "A gente entende que o tempo que o paciente permanece internado é uma oportunidade para que ele construa sua emancipação enquanto sujeito. Parte do dia o paciente está sob cuidados e na outra tem contato com ferramentas que por vezes não teria condições de acessar", diz.

Já a psicóloga e coordenadora do voluntariado do hospital, Rita de Cássia Lous, explica que o projeto apresenta vários fatores que influenciam na recuperação do paciente, principalmente atender a criança e o adolescente de maneira holística e integral. "O importante é acolher de forma física e emocional. Muitos pacientes que ficam aqui internados têm sua infância rompida. Eles deixam de ir à escola, de encontrar com seus amigos. Tentamos propiciar momentos que minimizem o sofrimento", afirma. O Hospital Pequeno Príncipe oferece atendimento em 30 especialidades a crianças e adolescentes. Realiza desde atendimento ambulatorial até procedimentos de alta complexidade como transplantes de rim, fígado e coração; sessões de quimioterapia e hemodiálise, bem como cirurgias cardíacas e ortopédicas.

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