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Moradores tentam atravessar a BR-116 na altura da Vila Zumbi, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Moradores tentam atravessar a BR-116 na altura da Vila Zumbi, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

BRs 116 e 376 vão ter novas passarelas

Novas passarelas devem ser construídas nos trechos urbanos das BRs 116 e 376 em Curitiba e região metropolitana até fevereiro de 2012. As obras deverão ser executadas pelas concessionárias responsáveis pelas rodovias, conforme o Programa de Exploração de Rodovias, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). De acordo com a Autopista Planalto Sul, cinco serão instaladas entre Curitiba e Fazenda Rio Grande nos próximos três anos. Em outras estradas, a implantação das passarelas está em fase de análise.

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Acidentes deixar marcas e sequelas

Casos de pessoas que foram vítimas de atropelamentos em rodovias são frequentemente lembrados por aqueles que vivem próximo de estradas e precisam atravessá-las devido a suas atividades diárias. "Aqui na vila [Liberdade, em Co­­lombo] temos muitas viúvas e órfãos que perderam gente nesta estrada [BR-116]. Já chamo até de Rodovia da Morte", conta a dona de casa Albertina Vianti da Silva, 51 anos. Para muitos daqueles que sobrevivem ao acidente, a herança que fica são traumas e sequelas físicas.

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  • Confira as rodovias estaduais e federais que cortam Curitiba

A falta de estruturas de segurança em trechos urbanos de rodovias, somada à imprudência de motoristas e pedestres, faz com que milhares de vidas estejam em perigo todos os dias. Atravessar estradas em meio a veículos em alta velocidade faz parte da rotina de muita gente que precisa chegar ao outro lado para trabalhar, estudar ou mesmo pegar um ônibus. Neste ano, até o começo de outubro, 240 atropelamentos foram registrados em rodovias federais (BRs) e estaduais (PRs) que cortam Curitiba, região metropolitana e litoral paranaense. Ou seja, quase um caso por dia.

O número de mortes causado por essa situação é incerto. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), 34 pessoas morreram no local ao serem atropeladas em rodovias federais. O total pode ser ainda maior, porém, se forem considerados os casos ocorridos em rodovias estaduais e os indivíduos que perdem a vida após os primeiros-socorros. "Os números não traduzem a realidade. Só estão focados nas primeiras horas após o acidente. Temos uma cadeia neste processo que é muito maior, a da mortalidade posterior", considera o coordenador do Pronto-Socorro do Hospital do Trabalhador em Curitiba, cirurgião-geral Rached Traya.

De acordo com o inspetor da PRF e chefe da Delegacia Metro­politana, Antônio Paim, a velocidade dos veículos que andam pelas rodovias; a falta de atenção dos transeuntes; e o aumento acentuado de tráfego nas estradas são três fatores que contribuem para que a gravidade de atropelamentos em estradas seja maior.

"Nos seis primeiros meses deste ano, o número de atropelamentos aumentou", afirma. Os trechos federais apontados por Paim como os mais críticos e perigosos estão localizados em Colombo (BR-116 norte), Fazenda Rio Grande (BR-116 sul), rodovia do Xisto (BR-476 sul), contorno sul de Curitiba (BR-376), estrada da Ribeira (BR-476 norte) e saída de Curitiba para o interior (BR-277).

Com relação às rodovias estaduais, os trechos considerados mais preocupantes são os que estão no perímetro urbano. "Rodovias que passam por dentro das cidades ou cortam vilarejos", explica o tenente Sheldon Vortolin, chefe de operações do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv). Até o começo deste mês, 96 atropelamentos foram registrados nas PRs e 144 nas estradas federais.

Risco

O risco maior está presente no começo da manhã quando muita gente sai de casa para levar os filhos na escola ou ir para o trabalho; e no final da tarde, na volta das atividades diárias. As estradas enchem-se de veículos e a maioria das pessoas não tem outra alternativa além de atravessar a via a pé.

Cenas perigosas se repetem em diferentes trechos rodoviários do perímetro urbano. Rapazes carregam bicicletas, crianças são puxadas pelo braço, mães levam bebês no colo, senhoras andam com sacolas de compras, gente sai atrasada para apanhar o ônibus... Todos apressam os passos e correm para escapar do perigo iminente, cruzando a frente de carros, motos e caminhões. Depois de um fôlego no canteiro ou mureta central, uma nova correria para atravessar a segunda pista.

Uma dessas pessoas é a dona de casa Albertina Vianti da Silva, 51 anos, que cruza rapidamente a BR-116 com um carrinho de bebê. Moradora da Vila Liberdade, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, dona Albertina tem a travessia da rodovia como rotina. Busca diariamente os três netos que estudam do outro lado da estrada, na Vila Zumbi. "Tem que agradecer a Deus quando atravessa pra vir e depois agradecer de novo quando volta", resume. "As pessoas morrem aqui quando estão indo trabalhar", lamenta o pedreiro Lauro Domingues, 52 anos.

À espera

Quem corre risco para atravessar as rodovias diariamente aguarda providências por parte do poder público e das concessionárias responsáveis pelas estradas para aumentar a segurança. Os moradores pedem a construção de passarelas e trincheiras, a instalação de redutores de velocidade e até mesmo a implantação de sinalização que indique a presença de creches e escolas na região.

"Falaram que vão colocar passarela, mas quando vão fazer isso?", cobra o comerciante João Carlos Silva, 43 anos, que trabalha à beira da BR-116, em Fa­­zenda Rio Grande, na região me­­tropolitana. "Deveriam investir em semáfaros e passarelas. Não compensa [atravessar a rua no sinaleiro]. A viagem se tornaria mais longa", justifica a dona de casa Nazira Oliveira, 56 anos. Se respeitasse a sinalização existente e atravessasse a 116 no semáforo, ela teria de andar 600 metros a mais. "Nós ainda tomamos cuidado, mas tem gente que atravessa correndo. Eu prefiro esperar e andar mais devagar, sem perigo de cair", conta Nazira.

No Contorno Sul de Curitiba, a situação não é diferente. A zeladora Elizabeth Marques dos Santos, 47 anos, precisa cruzar a BR-376 para chegar na escola que trabalha. "Fico horas esperando. Não me arrisco a atravessar se vejo que não está seguro. Muitos vizinhos meus já morreram aqui. Precisamos de uma passarela", reclama. E até mesmo em frente ao Parque Barigui, um dos principais pontos turísticos da capital, faltam estruturas de segurança. Nos domingos, a BR-277 é atravessada por dezenas de pessoas que querem ir do parque até o shopping. "Além de esperar um monte, tem de sair correndo. Tem uma passarela, mas é muito longe. Teria de pegar ônibus para chegar até lá", diz o estudante Luiz Fernando Wagner Ribeiro, 18 anos.

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