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O caso

Ao chegar em casa, Adinir de França encontrou o filho sobre a cama. Ele chorava muito, tinha o nariz sangrando, o rosto amarrotado a socos e uma corrente com cadeado presa no tornozelo esquerdo.

Ela imediatamente avisou o Conselho Tutelar, que levou a criança à delegacia de polícia de Piraquara. Ali, mandaram o caso para a delegacia de Alto Maracanã, em Colombo, onde mora o agressor.

Meia hora depois de feito o boletim de ocorrência, Oliveira chegou com dois policiais que o buscaram em casa. Preso em flagrante, ouviu um sermão do delegado Hamilton da Paz e disse que só deu "umas cintadinhas para educar o filho".

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Novas acusações de agressão

Uma outra ex-mulher do vereador, que prefere não se identificar, conta que ela e os filhos eram agredidos com murros enquanto esteve casada com Oliveira da Ambulância.

"Não era tapa de pai. Era murro mesmo. Até com pedaço de pau ele batia. Numa vez ele usou um cinturão. Ele é violento, muito violento", diz.

"A relação era terrivel. Ele (Oliveira) era muito bruto, queria bater nas crianças de 10, 11 anos e eu não deixava", conta.

A ex-mulher conta ainda que quando se separou do vereador ele a ameaçou de morte. "Eu tenho testemunha disso", conta.

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O vereador de Colombo Joaquim Gonçalves de Oliveira (PMN), conhecido como Oliveira da Ambulância, foi novamente preso na manhã desta segunda-feira sob a acusação de espancar e acorrentar o enteado de 9 anos. O parlamentar foi detido dentro da Câmara de Colombo, região metropolitana de Curitiba (RMC), e encaminhado para o Centro de Triagem de Piraquara, também na RMC. O vereador foi preso no dia 26 de janeiro, dia da agressão, e solto no dia 1.º de março por força de uma liminar. Trinta e um dias depois, Oliveira volta para atrás das grades.

O novo pedido de prisão preventiva, que revogou a liminar, foi concedido pela juíza do fórum de Colombo, Mila Aparecida Alves da Luz, a pedido do promotor de justiça da cidade Humberto Eduardo Pucinelle. A reportagem procurou o promotor, que prefere não comentar o caso. A assessoria do Ministério Público disse apenas que o promotor pediu a prisão de Oliveira da Ambulância com base nas provas do processo.

Outro motivo seria a denúncia de que uma advogada teria procurado a ex-mulher do vereador, Adinir de França, de 33 anos, mãe do menino agredido, e teria feito ameaças para que, em juízo, ela mudasse seu depoimento - caso contrário não receberia mais a pensão do menino. Segundo o depoimento da presidente do Conselho Tutelar de Piraquara, Maria Eliete Darienso, a advogada que estava na delegacia, no dia da agressão, teria dito a Adinir que com a denúncia ela não receberia mais o dinheiro da pensão dada por Oliveira.

A denúncia foi feita por Maria Eliete, que atendeu o menino após a agressão. Em juízo, Maria Eliete disse que a advogada ainda falou que o filho de Adinir iria passar por necessidades sem o dinheiro da pensão. A advogada não foi encontrada pela reportagem para comentar a acusação. Sabe-se que ela trabalhou para Oliveira na assessoria jurídica da Casa do Povo, mantida pelo vereador em Colombo.

Ameaçada ou não, Adinir perante a juíza de Colombo mudou a versão dada na delegacia. Ela contou que o filho foi agredido por outras crianças na rua e que ela própria colocou a corrente no tornozelo do filho para que o menino não fugisse. Entretanto, na delegacia, disse que Oliveira teria chegado com o menino de carro e que a criança apresentava sinais de ter sido agredida com violência. E que foi Oliveira quem pegou uma corrente do portão e colocou na criança com um cadeado e foi embora sem dar explicações. Assim que o vereador saiu de casa, relata Adinir, o filho contou a ela que tinha sido espancado por Oliveira.

Além do processo criminal, que responde pelo crime de tortura, Oliveira ainda enfrenta o processo movido pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Colombo, que apura se o vereador quebrou ou não o decoro parlamentar. Na terça-feira (3) será encaminhado para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara o parecer da Comissão de Ética sobre o caso. Se o parecer for pela cassação, caberá aos demais vereadores votarem em plenário pela perda ou não do mandato de vereador de Oliveira. Defesa

O advogado Cláudio Dalledone Júnior, que defende o vereador, classificou como fruto de perseguição política a nova prisão do vereador Oliveira da Ambulância. "A juíza decidiu apenas com base no parecer do Ministério Público. Não há motivos para a prisão, ela não preenche os requisitos legais, e nem a juíza fundamentou a sua decisão", afirmou.

Dalledone disse ainda que não houve ameaças à mãe do menino. "Por que o Ministério Público não requisitou a instauração de inquérito policial por coação, ou a acareação das pessoas citadas?", questionou. Ele também colocou em dúvida o laudo de lesões corporais feito pelo Instituto Médico Legal (IML). "Não foi o adolescente quem relatou os fatos, mas uma conselheira tutelar. Quem deveria ter contado o que aconteceu para os peritos seria mãe, não ela", disse.

Sobre a troca de versão da mãe do menino em juízo, o advogado alegou que as primeiras informações foram passadas pela conselheira tutelar. "A mulher é analfabeta", afirmou o advogado. Nesta terça-feira um novo habeas-corpus deve ser impetrado no Tribunal de Justiça. O objetivo é solicitar que o vereador possa responder ao processo em liberdade.

Apelido

O apelido de Oliveira da Ambulância, como é conhecido o vereador, veio antes mesmo do cargo político. Joaquim Gonçalves de Oliveira tinha uma ambulância e cobrava para fazer o transporte de pacientes para hospitais, por isso o apelido. Oliveira foi eleito na última campanha com 4.302 votos, ironicamente pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS).

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