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Prefeito de Curitiba entre 1975 e 1979, Saul Raiz está internado na UTI em estado estável | Albari Rosa / Gazeta do Povo
Prefeito de Curitiba entre 1975 e 1979, Saul Raiz está internado na UTI em estado estável| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

Outro lado

Hospital nega falha em socorro

Em nota, o Hospital São Vicente nega que tenha omitido socorro ao ex-prefeito Saul Raiz. Informou que o médico de plantão mandou Raiz seguir para outro hospital porque a entidade não tem pronto-socorro e o tempo de espera por ambulância poderia agravar seu estado de saúde. Raiz, segundo a nota, não teria sequer sido retirado do carro. O médico teria avaliado que o socorro precisava ser feito de maneira rápida. Foi então que o manobrista se prontificou a levar Raiz ao Hospital Evangélico, unidade de atendimento emergencial indicada pelo médico. O Hospital São Vicente relatou que não poderia fazer o atendimento por não ter equipe apta para cuidar de pacientes em condições como estava Raiz. O nome do médico plantonista não é citado na nota.

Opinião

Sistema é inflexível e exige demais do paciente

Casos de pessoas em busca de socorro médico a quem é recusado atendimento não são novidade no Brasil. Todo dia alguém recebe um "não" em uma recepção de hospital, às vezes após horas de espera. O caso do ex-prefeito Saul Raiz chama a atenção por se tratar de uma figura pública querida na cidade e pela situação grave em que ele se encontrava: um homem de 83 anos, ferido a bala, teve que sair em busca de um segundo hospital que lhe desse socorro. É uma experiência assustadora, que poderia ter terminado mal.

A repercussão do caso do ex-prefeito tem um aspecto positivo: expõe as falhas do sistema brasileiro, cuja estrutura é fragmentada e burocrática. Ela é inflexível e exige demais do paciente, que precisa saber para quem pedir socorro – mesmo se estiver baleado e sozinho. É uma boa hora para discutir a frieza e ineficiência desse sistema.

A prefeitura de Curitiba e o Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR) começam a investigar a partir de hoje o que levou o Hospital São Vicente a negar atendimento ao ex-prefeito de Curitiba Saul Raiz, 83 anos, baleado em seu carro após tentativa de assalto no sábado à tarde, na Rua Visconde de Nacar, região central da capital paranaense.

Raiz estava dentro de sua caminhonete, observando a fachada de um prédio que está construindo, quando começou a acelerar para ir embora e ouviu um grito de "pare". Ele decidiu seguir adiante. Foi quando o assaltante desferiu tiros contra o veículo do ex-prefeito. Dois tiros atingiram a escápula de Raiz e um, o braço dele.

Raiz continuou dirigindo até o Hospital São Vicente, na Vicente Machado, onde foi atendido pelo manobrista do estacionamento Gerson de Lima. Este colocou Raiz em uma cadeira de rodas e o levou para a entrada do hospital. Em reportagem exibida pela Revista RPC TV, Lima conta que os atendentes do hospital, ao verem Raiz, falaram que não tinham como atender aquela situação. "Nem colocaram a mão nele. Nenhum médico olhou", conta Lima.

Foi então que o manobrista colocou luvas cirúrgicas, levou Raiz baleado de volta para o veículo e, dirigindo o carro, conduziu o ex-prefeito até o Hospital Evangélico. Ali, o político recebeu atendimento. Ele está na UTI e sua saúde é estável. Está consciente e falando com a família.

O sobrinho de Raiz, Mário Fisbein, afirmou que a família não pretende fazer nada contra o hospital, apesar do atendimento negado. Mário disse que Raiz confirma que teria sido levado de cadeira de rodas até o interior do hospital.

A prefeitura, ontem, emitiu nota dizendo que abrirá sindicância para apurar o caso, pois é obrigação do hospital, pelo Código de Ética Médica, "garantir o primeiro atendimento e a estabilização do paciente, para posterior encaminhamento a um hospital com condições de suporte de atendimento. E que esse contato com os hospitais deveria ter sido feito pelo próprio São Vicente, que ficaria responsável pela remoção do paciente em ambulância própria".

O promotor do MP-PR Marco Antonio Teixeira afirmou que será aberta uma investigação para apurar a conduta do hospital. Mas que, de maneira geral, qualquer hospital é responsável por examinar o paciente que chega e encaminhá-lo a outro estabelecimento de forma segura, caso não tenha condições de atendimento.

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