Fronteira livre
Doença na Venezuela ameaça o Brasil
A Venezuela coloca em risco os avanços do Brasil no combate à malária. O alerta é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta os problemas no sistema de saúde do país como um dos motivos para a explosão de casos do parasita nos últimos anos.
Nas últimas semanas, o governo do presidente venezuelano Nicolas Maduro impediu a entrada de funcionários da Organização Pan-americana de Saúde em missão para entender a dimensão da crise na fronteira com o Brasil.
O Brasil e outros 54 países estão no caminho de reduzir a incidência da malária em 75% até 2015, em comparação a 2000. Mas a OMS alerta que os avanços no Brasil e em outros países estão ameaçados.
Em 2000, cerca de 200 mil novos casos de suspeita de malária foram registrados na Venezuela. Em 2012, já eram 410 mil e, hoje, chega a 475 mil. O combate à malária, problemas no serviço de saúde e o fluxo de pessoas por minas de ouro no sul da Venezuela têm colaborado para esse aumento.
O combate contra a malária ganhará um capítulo inédito em 2015. A Organização Mundial da Saúde (OMS) vai analisar o uso da primeira vacina contra a doença, que promete mudar de forma radical a estratégia internacional para lidar com a infecção parasitária, que, apenas em 2013, matou quase 600 mil pessoas no mundo. O imunizante, porém, não será eficiente contra o parasita que atua na América Latina e, se aprovado, terá sua implementação reservada para a África e Ásia, onde estão 90% dos casos.
O diretor do Programa da OMS contra a Malária, Pedro Alonso, disse que uma vacina produzida pela GSK já passou por todos os testes e agora aguarda um sinal verde por parte da agência da ONU para poder ser comercializada e recomendada aos governos de todo o mundo. Segundo ele, a proteção da vacina não será ainda completa, mas pode ter um impacto significativo. "A proteção é de cerca de 45% e 50%, mas isso já é um passo enorme."
A GSK desenvolveu a dose graças ao financiamento da Fundação Bill & Melinda Gates e se concentrou em produzir uma vacina que atue contra o Plasmodium falciparum, parasita encontrado na África. Não é o mesmo mosquito que afeta as Américas e, portanto, a recomendação não valerá para o Brasil.
Levantamento
Ontem, a OMS lançou seu levantamento anual sobre a malária. Apesar de a comunidade internacional ter destinado US$ 2,7 bilhões em 2013 para lutar contra a doença, os recursos são apenas 50% do que se necessita. No ano passado, 198 milhões de pessoas foram infectadas pelo parasita e 584 mil mortes foram registradas, 90% na África.
Apesar de a doença ainda representar uma séria ameaça para dezenas de populações pelo mundo, a OMS também comemora os resultados e indica pela primeira vez que a malária "pode ser vencida".
Entre 2000 e 2013, a mortalidade por causa da doença caiu em 47% e 4 milhões de mortes foram evitadas. Os novos casos caíram em 30%.
A OMS também comemora o fato de conseguir atingir sua meta de frear a expansão da doença e começar a reverter a curva em 2015. Ainda assim, não prevê acabar com o parasita antes de 2030. A malária é endêmica em 97 países.
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