A morte do cardiologista Jaime Gold mobilizou a ONG Rio de Paz a reclamar da violência na cidade. Aproveitando o esfaqueamento do médico na Lagoa, o fundador da entidade, Antônio Carlos Costa, foi até o local do crime e exibiu cartazes com números da violência na cidade que, segundo ele, são oficiais, divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).

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“Hoje é um dia emblemático, um dia triste. Por que além de termos tomado conhecimento pela manhã da morte desse médico e do drama que toda a sua família está vivendo, o Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro apresentou os números de mortes violentas do mês de abril de 2015. E nós tomamos conhecimento de que a partir de dados oficiais do estado de 2007 até abril de 2015, 50.181 pessoas sofreram mortes violentas. É quase um Maracanã lotado”, pontuou Antônio Carlos Costa.

Ele aproveitou para alertar para o risco de a população se revoltar de forma tão intensa a ponto de querer fazer justiça com as próprias mãos.

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“É uma vida preciosa que foi ceifada. Precisamos, contudo, tomar cuidado com possíveis leituras que podemos fazer desse trágico episódio, que deixou para trás uma família inconsolável, uma vez que o sentimento da população quanto a impunidade que graça no nosso país é muito grande. E isso pode nos levar a uma espécie de caça às bruxas, de criarmos um estado fascista. Precisamos entender o fato de que uma sociedade desigual como o Rio de Janeiro, historicamente desigual, na qual os desiguais vivem lado a lado, num contexto de uma sociedade de consumo e num estado fraco no qual as instituições não funcionam, pessoas morrem. E nós vimos hoje essa violência vazar para a Zona Sul. Violência que é experimentada regularmente pelo pobre na favela. E a nós nos cabe, como membros da classe média chorar tanto a morte que acontece num lugar nobre como esse tanto as mortes que acontecem nos bairros pobres, especialmente nas favelas”, alertou.