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150 crianças e adolescentes de Toledo participam das atividades do Circo da Alegria, programa desenvolvido há duas décadas no município | Fotos: Dado Guerra
150 crianças e adolescentes de Toledo participam das atividades do Circo da Alegria, programa desenvolvido há duas décadas no município| Foto: Fotos: Dado Guerra

Finalistas do prêmio itaú-unicef

As cinco regiões do país recebem uma premiação específi­ca e os finalistas disputam o prêmio nacional. Na etapa regional, cada ONG ganha R$ 20 mil; o grande vencedor recebe R$ 180 mil. Veja os finalistas da Região Sul em 2011:

Grande porte

Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente (MDCA) – Porto Alegre (RS)

Médio porte

Casa da Criança do Morro da Penitenciária – Florianópolis (SC)

Pequeno porte

Conselho Comunitário dos Bairros Saic e Jardim Itália – Chapecó (SC)

Micro porte

Projeto Circo da Alegria – Toledo (PR)

Participação

Alguns números ajudam a mostrar a extensão do Prêmio Itaú-Unicef

- 9.199 projetos inscritos desde 1995.

- 2.922 inscritos somente em 2011.

- 524 gestores tiveram formação sobre educação integral em 2010.

- 12.768 pessoas já participaram de encontros regionais, seminários, cursos a distância e comunidades virtuais promovidas pela Fundação Itaú Social.

  • A artista Tânia Piazzetta trabalha com estudantes em vulnerabilidade

Quando a artista circense Tânia Regina Piazzetta iniciou o projeto Circo da Alegria na Escola Municipal Anita Garibaldi, em Toledo, Região Oeste do Paraná, não imaginava o impacto que a arte teria na vida das crianças e do bairro. Há duas décadas ela trabalha com meninos e meninas que vivem em situação de vulnerabilidade e conseguiu mudar histórias que dificilmente teriam um final feliz. O Circo da Alegria é finalista do Prêmio Itaú-Unicef e mostra que o terceiro setor vem conseguindo mudar a realidade da educação em várias partes do Brasil.

O projeto Circo da Alegria beneficia 150 garotos e garotas a partir dos 3 anos de idade. A maior parte das crianças e dos adolescentes trabalhava precocemente e passou a receber uma bolsa do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), podendo assim trocar a atividade profissional pela diversão. No contraturno escolar, os pequenos participam das atividades circenses e o objetivo de Tânia é que haja uma integração entre a educação formal e os valores ensinados no projeto. A meta dos instrutores é que todas as crianças tirem boas notas. Essa aproximação com os professores foi o que rendeu ao Circo da Alegria a premiação regional do Itaú-Unicef.

A iniciativa fez tanto sucesso entre as crianças que conseguiu mudar a rotina da escola e do bairro. Todos os anos são realizadas apresentações para o público, que sempre lota o auditório do teatro da cidade. Outra prova do carinho pelo circo veio no ano passado, em uma discussão sobre o orçamento municipal. Lideranças comunitárias, alunos e professores de Toledo discutiam com a prefeitura os investimentos no bairro Jardim Europa e o consenso foi destinar 80% da verba para melhorar as instalações do Circo da Alegria.

Premiação

Em 2011 o Prêmio Itaú-Unicef teve 2.922 inscritos, o maior número desde a criação da iniciativa, em 1995. Essa é a maior premiação do terceiro setor no Brasil, com cinco etapas regionais e uma final, onde o grande vencedor recebe R$ 200 mil. A premiação nacional será no dia 22 de novembro, em São Paulo.

Para as instituições que se inscrevem e são selecionadas há também a oportunidade de participar de um procedimento rigoroso de formação. As ONGs passam por um processo de aperfeiçoamento que começa já no próprio modelo de inscrição, quando os dirigentes precisam enumerar e descrever propostas de trabalho e resultados alcançados.

Segundo a diretora da Fun­­dação Itaú Social, Valéria Veiga Riccomini, a premiação mostra que o grande desafio do Brasil agora é investir na qualidade da educação. "O desenvolvimento dos jovens é um projeto para o país", afirma. Ela lembra que somente um bom ensino pode formar um cidadão com visão crítica e formação para o mercado de trabalho.

Riccomini explica que a fundação começou um trabalho de pesquisa em Belo Horizonte para mensurar de forma quantitativa o impacto da educação integral e que resultados preliminares confirmam que as crianças que passaram mais tempo na escola tiveram melhores notas em Português e Matemática.

Qualidade

Apenas aumentar a jornada de estudos não é suficiente

Um ponto importante ressaltado pelos especialistas é que a ampliação da jornada não precisa ocorrer necessariamente dentro do ensino formal. Para a educação integral não basta apenas ampliar o número de horas de estudo em Matemática e Português, mas sim dar ao aluno opções de outras atividades, como circo, teatro e capoeira. "Já não se discute mais somente o aumento da jornada, mas a oferta de educação de qualidade, tanto na escola como em outros espaços", diz Maria Amábili Masuti, pesquisadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).

O Cenpec atua como parceiro do Prêmio Itaú-Unicef desde a primeira edição da iniciativa. Atualmente o centro é uma das principais ONGs do Brasil que estuda a educação integral e ajudou a formular boa parte do que se discute hoje no país sobre o conceito.

Para Maria Amábili, o terceiro setor está apontando caminhos para a criação e consolidação de políticas públicas. "São ações importantes nos territórios mais vulneráveis do país, com muita qualidade e representação da diversidade do Brasil", avalia.

O coordenador do Unicef em São Paulo e Minas Gerais, Sílvio Kaloustian, afirma que há um aprendizado em âmbito mundial de que parcerias entre governo e sociedade civil podem ser efetivas e sustentáveis quando o assunto é educação. O órgão trabalha com o conceito do "direito de aprender", reconhecido na legislação internacional e também na brasileira, e para Kaloustian o terceiro setor tem ajudado na efetivação desse direito.

No Rio Grande do Sul o projeto Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente (MDCA) é um grande exemplo de como o terceiro setor e a educação podem atuar em parceria, o que muitas vezes garante bons resultados. A fundadora da iniciativa, Haide Venzon, explica que o projeto começou a partir de ações voluntárias de alguns professores. Hoje 300 crianças são atendidas por meio de cinco projetos. Além de terem acesso a reforço escolar, elas têm aulas de capoeira, música e educação artística. Também há atendimento psicológico para as famílias. O resultado é que os pais participam mais da vida escolar dos filhos e o índice de reprovação entre as crianças atendidas é praticamente nulo.

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