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A nomeação do ex-prefeito de Guarapuava Vitor Hugo Burko (PL) para a presidência do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) causou estranheza entre ambientalistas e militantes de organizações não-governamentais que atuam na preservação do meio ambiente. Em 1998, em seu primeiro mandato como prefeito, Burko baixou um decreto disciplinando o estabelecimento de parques de caça em Guarapuava, que até então eram proibidos. O ex-prefeito tomou posse segunda-feira.

A relação de Burko com os ambientalistas foi tumultuada em outros casos em seus dois mandatos como prefeito (1997-2005). Em fevereiro de 1999, um decreto oficializou a realização de um campeonato de caça na cidade. No mesmo ano, o prefeito deu apoio a um projeto do falecido deputado Anibal Khoury, que autorizava a instalação de fazendas de caça de animais exóticos no estado. O projeto foi aprovado. Dois anos depois, no plano que previa a aplicação de recursos municipais entre 2002 e 2005, Burko incluiu a criação do "Programa de Abate de Animais Excedentes como Atração Turística" e do "Programa de Suporte às Fazendas de Caça". Em 2004, o Clube de Caça e Tiro de Guarapuava foi declarado instituição de utilidade pública.

"É como um absurdo que estamos encarando essa nomeação. Ele não tem referencial técnico para discutir a questão ambiental", afirma o ambientalista Pedro Guimarães, do Movimento Ecológico do Litoral (MEL) e diretor da União de Entidades Ambientalistas do Paraná (Uniap). Na época dos decretos, Guimarães foi um dos que se posicionou contra Burko. "A visão era meramente econômica, de fomentar o turismo e agregar valor aos abatedouros."

Para Jorge Ram, da Rede Amigos das Águas, o governo do estado está "na contramão da realidade planetária". "Nomearam uma pessoa com um histórico de crime ambiental", diz. "Do ponto de vista ambiental, este governo é pior do que o anterior. O IAP abandonou sua função fiscalizatória: da licença para qualquer atividade, mesmo o corte de araucárias."

Em 1999, Burko foi denunciado ao Ministério Público Estadual pela Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária (Amar). Para a presidente da Amar, Lídia Lucaski, a nomeação do ex-prefeito para a presidência do IAP é uma afronta. "Estamos regredindo para a idade do tacape", critica.

Entidades de defesa dos animais querem marcar uma audiência com Burko. "Por um lado, ele nos animou, porque se mostrou aberto. Mas não temos mais como nos sentar à mesa com o pessoal que só faz a defesa da questão econômica", diz Paulo Facin, do Grupo Fauna, de Ponta Grossa. "Se ele (Burko) tem a mente aberta, vai ouvir os ambientalistas." Outra entidade que pretende conversar com o presidente do IAP é a SOS Bicho, de Curitiba.

Burko diz que seu objetivo à época da criação das áreas de caça era controlar certas espécies de animais que se reproduziam com velocidade na região de Guarapuava e discutir um tema polêmico. "Tive a coragem de levantar um assunto que era tabu, que precisava e que ainda precisa ser discutido", considera o presidente do IAP. "Esse controle não era uma ação isolada, fazia parte de um contexto de interpretação do meio ambiente como um todo. Tivemos ações significativas nesta área, tanto que recebemos prêmios internacionais." Para Burko, os ambientalistas que o criticam ainda não conhecem seu trabalho. "Vamos ter o momento adequado para sentarmos e reinterpretarmos a realidade."

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