• Carregando...

Para a imprensa brasileira, as duas conferências internacionais sobre meio ambiente – a COP8 e a MOP3 – já começaram. Na segunda e na terça-feira, cerca de 120 jornalistas de todo o país se reuniram na sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) para se preparar para os eventos da ONU, que se realizam em Curitiba e Pinhais, entre 13 e 31 de março. O encontro funcionou como uma espécie de laboratório sobre as grandes questões que serão discutidas na 3.ª Reunião das Partes Signatárias do Protocolo de Cartagena, a MOP3, e na 8.ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, a COP8.

Memorizar o que COP e MOP significam deve ser um dos primeiros problemas do público. O mesmo se diga de uma conversa que inclui termos passíveis de serem memorizados apenas por especialistas com milhares de quilômetros rodados por áreas devastadas. Daí a busca de estratégias de comunicação ter ocupado parte das atenções da imprensa. A palavra de ordem é mostrar que o que vai ocorrer nos metros quadrados do Expotrade não é nenhum bicho-papão. Por trás do vocabulário difícil se esconde um desejo comum: identificar danos ao planeta. Essa língua, todo mundo entende.

À semelhança de outras cidades em que ocorreram conferências, como Kuala Lumpur, na Malásia, esses encontros internacionais são marcados pela variedade. A começar pelos idiomas – são 188 países membros, muitos deles com seus devidos turbantes, cânticos, danças e gritos de guerra. "Um único colchete [item de um documento sobre o qual não há consenso entre as partes] pode levar dias de conversa. O segredo é manter um olho nos colchetes e outro na vida real, onde as pessoas comuns enfrentam os problemas discutidos", aconselha o jornalista Roberto Villar Belmonte, um dos pioneiros na cobertura de meio ambiente no Brasil.

Como esses debates se dão a portas fechadas, resta a "verdes" e simpatizantes em geral esperar por notícias do lado de fora, onde não falta com o que se distrair. Estima-se, para essas edições das conferências, cerca de 200 eventos paralelos. Parte desses encontros se dará em lugar e hora estratégicos – no período do almoço e do jantar, dentro do Expotrade e, com sorte, na presença de algum pop star da ecologia mundial. Em miúdos, é como se as ONGs fizessem uma conferência à parte, com o privilégio de, se tiver prestígio, conseguir traficar informações e exercer pressão.

Um dos pontos da pauta que promete mexer com o nervo dos ecologistas é a rotulagem dos produtos transgênicos, assunto que coloca o megadiverso Brasil no centro do tiroteiro, já que o país não desce do muro. Outro debate que vai diminuir a distância entre Pinhais e Wall Street é a divisão de benefícios e a reparação de danos. Em bom português – é desejo das nações que fornecem produtos de sua flora e fauna para a indústria farmacêutica ou de cosméticos serem ressarcidas de alguma forma. A conversa não pára por aí. Mas já dá para saber que as madrugadas de março serão longas em Curitiba.

Serviço: 3.º MOP3, de 13 a 17 de março, e COP8, de 20 a 31 de março, no Expotrade Pinhais e em diversos espaços de Curitiba.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]