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Uma olhada rápida para apenas um lado da canaleta do ônibus biarticulado e a pressa resultaram em um grande susto para a estudante universitária Lívia Bonfim, 20 anos, no ano passado. Ela prestou atenção apenas no ônibus que saía da estação-tubo Coronel Dulcídio, no Batel, e ignorou o outro lado da via. O "vacilo" por pouco não a fez ser atropelada por dois biarticulados que vinham em sentidos opostos.

A história de Lívia é exemplo de situações diárias vividas por pedestres desatentos em Curitiba. Até agosto deste ano, o número de pedestres atropelados por ônibus do transporte coletivo aumentou 90,24% se comparado com o mesmo período do ano passado. De acordo com dados do Batalhão de Polícia do Trânsito (BPTran), em 2006, 78 pedestres foram atropelados nos primeiros oito meses do ano. Em 2005, foram 41 no mesmo período. A Gazeta do Povo mostrou ontem que em Curitiba são registrados em média três acidentes envolvendo ônibus por dia. Até agosto, o BPTran contabilizou 724 ocorrências do gênero.

De acordo com o batalhão, os números revelam a falta de respeito no trânsito, combinado à desatenção e à pressa crescente dos pedestres. "Se fosse somente a imprudência do motorista de ônibus, outros tipos de acidentes também teriam aumentado, o que não é o caso", analisa a oficial do batalhão Caroline Costa.

A conclusão é a mesma da coordenadora do Núcleo de Educação e Cidadania da Diretoria de Trânsito de Curitiba (Diretran), Maura Moro. Segundo Maura, o crescimento dos acidentes é causado por uma série de fatores combinados: a alta velocidade dos ônibus, o desrespeito à sinalização e a desatenção e imprudência do pedestre. "Em algumas ocasiões há imprudência do motorista, mas nunca se pode eximir o pedestre da responsabilidade", afirma.

A dificuldade em alguns pontos onde o fluxo de pedestres e a passagem de ônibus se misturam influencia no aumento das estatísticas, aponta a coordenadora do Núcleo em Pesquisa da Psicologia do Trânsito da Universidade Federal do Paraná, a psicóloga Iara Thielen.

É o caso dos cruzamentos localizados no Círculo Militar, onde o motorista de ônibus, ao sair da estação-tubo do lado esquerdo da pista, precisa invadir a faixa de pedestres para ter tempo de virar à direita assim que o sinal abre. "Procedimentos como esse fazem com que o pedestre perca ainda mais espaço", avalia.

Para o gerente da empresa de transporte coletivo Cidade Sorriso, Cícero Domingos, são poucas as orientações dadas aos pedestres. "Não existem cursos para pedestres e sempre que há um acidente, acaba sobrando para o motorista. Assim como existe imprudência do motorista, existe a imprudência do pedestre. A gente precisa que seja feita alguma coisa com o aumento do número de catadores de papel, ciclistas e pedestres em canaletas, por exemplo", reclama.

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