Equipamentos em fase de testes já estão sendo instalados nas linhas metropolitanas integradas da região de Curitiba| Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

As linhas integradas da região metropolitana de Curitiba estão ganhando novos validadores que vão separar definitivamente a gestão financeira da Rede Integrada de Transportes. Mais de 460 mil passageiros devem passar pelos novos equipamentos por dia. São mais de R$ 20 milhões mensais, que até março seguiam para um fundo público administrado pela Urbs. A nova gestão ficará a cargo da Metrocard – associação cujo presidente é Alexandre Gulin.

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Linhas metropolitanas foram responsáveis por 28% da arrecadação média mensal da RIT; veja o gráfico

A Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) disse que não criará um novo fundo público para administrar esses recursos. O governo estadual assumiu as linhas metropolitanas prometendo enxugar os custos do sistema e a Comec não terá, por exemplo, uma taxa de administração impactando na tarifa. O gerenciamento da Urbs impacta em 4%.

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É incomum que a bilhetagem de sistemas de transporte coletivo seja administrada por fundos públicos. Curitiba é uma exceção, dizem especialistas. Mas a existência do Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC) é vista como mais uma ferramenta de controle. Todas as 106 linhas metropolitanas integradas ganharão os novos validadores. São mais de 500 veículos.

O gerenciamento e manutenção do transporte coletivo custou, em média, R$ 79,4 milhões por mês em 2014. Em abril e maio deste ano, primeiros meses sem as linhas metropolitanas integradas no fundo, foram R$ 56,8 milhões. A diferença (R$ 22 milhões) se refere às linhas metropolitanas integradas. Entre janeiro e março, a Urbs reteve R$ 16,7 milhões das tarifas metropolitanas para saldar uma dívida que o governo do estado contraiu com o sistema no ano passado.

Os novos validadores das linhas metropolitanas da RIT são da Transdata. Eles substituirão os da Dataprom. O Tribunal de Contas do Distrito Federal apontou, em 2013, que a nova empresa de bilhetagem do mercado curitibano é da família Constantino.

A Transdata nega o vínculo com os proprietários da Gol Linhas Aéreas. Mas os auditores do TCDF abriram o capital social da Toyo Participações, uma das administradoras da empresa, e concluíram que cinco dos dez sócios dela pertencem à família Constantino. Como o mesmo grupo detém as viações que operam dois lotes do transporte local, eles entenderam que a contratação configurou conflito de interesses e desobediência ao princípio da segregação de funções.

SUSPENSOS

Apesar de serem mais modernos e contarem com leitor de biometria facial, os validadores que estão sendo instalados pela Transdata nas linhas metropolitanas integradas da RIT estão com a homologação suspensa na Anatel desde 10 de setembro do ano passado. Em resposta à Gazeta do Povo, a empresa disse que os equipamentos estão com homologação suspensa em função do prazo de Validade do Certificado de Conformidade. Disse também que já está com processo de revalidação em andamento e que a suspensão não significa que eles tenham deixado de atender a requisitos mínimos de qualidade.

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Transdata nega vínculo com grupo Constantino e problemas nos validadores

Em nota enviada à Gazeta do Povo, a Transtada negou que seja controlada pela família Constantino.

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A CPI do Transporte Coletivo havia apontado que 68,7% das ações das viações que compõem os três consórcios de Curitiba estão nas mãos da família Gulin. Não há levantamento similar sobre as empresas da região metropolitana. Mas o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, da Receita Federal, traz Alexandre Gulin como presidente da Associação Metrocard. Ele também é administrador da Citinvest Participações, holding de um dos grupos que operam em Curitiba.

Dataprom alega que teve alguns equipamentos danificados

Apesar de os novos validadores da Transdata ainda estarem em fase de testes, a Dataprom afirmou que eles teriam danificado alguns dos seus equipamentos que hoje estão em operação e interferindo na comunicação do sistema. A Urbs informou, inclusive, que irá apurar as queixas da Dataprom.

“Esse processo de transição já estava previsto dentro do TAC [Termo de Ajustamento de Conduta]. Mas pedimos para verificar a questão de eventual ação técnica no sistema de bilhetagem de Curitiba”, disse Roberto Gregório, presidente da Urbs.

Os validadores instalados pela Dataprom são de propriedade do município de Curitiba. A Urbs ainda não definiu qual será o destino dos equipamentos substituídos. Os equipamentos da Transdata serão colocados em operação a partir de agosto, quando os bilhetes de Curitiba deixarão ser aceitos definitivamente nas linhas metropolitanas.

(RM)