Oportunidade mudou a vida de jovem carente

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O professor de inglês Nelson da Silva Fonseca é a prova de que o investimento em educação gera bons resultados. Os pais não terminaram a 4.ª série e vieram do interior do estado para Curitiba em busca de melhores condições de vida. Os dois irmãos mais velhos também não tiveram a mesma sorte. Quando Fonseca estava terminando a 4.ª série em uma escola pública de um bairro pobre da capital, passou por um processo seletivo e entrou no programa Bom Aluno, que auxilia a educação de jovens carentes. Teve aulas de reforço e de inglês até a 8.ª série. A rotina diária de estudos continuou durante o ensino médio e o rapaz passou em um dos vestibulares mais concorridos da capital. Mas, além de quebrar o seu ciclo de pobreza, ele queria ajudar a sociedade.

Fonseca trancou a faculdade e foi estudar no Canadá. De lá, mandou dinheiro para pagar a casa própria dos pais. Recebeu propostas para ficar, mas decidiu que sua missão era ajudar no Brasil. Voltou e se tornou voluntário. Hoje dá aula de inglês e cidadania para jovens que vão ingressar no mercado de trabalho, largou a Engenharia e foi cursar Sociologia. "O que teria acontecido comigo se não tivesse essa oportunidade? Prova­­velmente estaria como muitos de meus amigos daquela época, envolvido com drogas. Isso prova que a educação transforma tudo", afirma. "Fiz uma opção de não ser rico e trabalhar pela sociedade. Vale a pena quando você consegue mostrar que os sonhos são possíveis".

Já o catador de materiais recicláveis Francisco Antunes de Lima não teve chances. Começou a trabalhar aos 12 anos como pedreiro, no interior do estado. Mudou-se para Curitiba há 20 anos e mora na Vila das Torres. Sua renda não passa de R$ 600 por mês e para isso ele tem de carregar cerca de 500 quilos de papel por dia em seu carrinho. "Sinto falta da escola. Toda a minha vida foi difícil por não ter estudado". (PC)