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diz pesquisa

Organismo demora ao menos 14 dias para se adaptar ao horário de verão

Quem precisa enfrentar horários rígidos sofre mais, diz professor

Como escurece mais tarde, período do horário de verão é propício para atividades ao ar livre | Antônio More/Gazeta do Povo/Arquivo
Como escurece mais tarde, período do horário de verão é propício para atividades ao ar livre (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo/Arquivo)

Além do frio, a segunda-feira (19) começou também com “uma hora a menos” de sono para muitas pessoas, que ainda devem levar mais algum tempo para se acostumar com a mudança. Isso porque desde a meia-noite deste domingo (18) está em vigência no Sul, Sudeste, Centro-Oeste e no Distrito Federal o horário brasileiro de verão, que obrigou os moradores destas regiões a adiantarem os relógios em uma hora. E a mudança não se restringe apenas ao relógio.

Uma pesquisa de mestrado realizada na Universidade de São Paulo (USP) apontou que o tempo mínimo de adaptação ao horário de verão é de 14 dias. A conclusão foi do pesquisador Guilherme Silva Umemura, que analisou a“ritmicidade circadiana nas transições do horário de verão”, ou seja, de que forma o ritmo biológico de cada pessoa responde a esta transição.

Embora a pesquisa tenha chegado a conclusão de um tempo mínimo para a adaptação do organismo, Umemura ressalta que esse período ainda precisa de conclusões mais profundas, uma vez que a investigação colheu dados apenas nos primeiros quinze dias do horário de verão.

Mas uma coisa é certa: assim como demais estudos anteriores, a pesquisa chegou a conclusão de que a mudança de horário causa alteração da organização temporal interna do organismo. Isso porque as pessoas precisam modificar seu modo de interação com o ciclo claro/escuro natural durante o horário de verão, o que pode causar problemas como distúrbios do sono, por exemplo.

Sem flexibilidade

O horário de verão é uma tortura para quem, segundo o professor Fernando Mazzilli Louzada, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), precisa cumprir “horários rígidos” durante a semana.

Louzada conta que um estudo realizado há dois anos com alunos da universidade mostrou que, na instituição, o impacto da alteração de horário não foi grande porque os estudantes não entraram no ritmo de maneira repentina, como o relógio impõe.

“Eles simplesmente atrasaram o horário de acordar também”, comenta o professor, que faz parte do Laboratório de Cronobiologia Humana (Labcrono) da UFPR. “Estes estudantes encontram certa flexibilidade no horário da universidade, mas isso não acontece para o horário de trabalho. Por isso, pessoas que têm que cumprir horário rígido são mais prejudicadas. E olha que esse ajuste ao horário de verão pode demorar dias ou até algumas semanas”, afirma Louzada.

O professor ressalta que o “sofrimento” causado pela mudança de horário tem muito a ver com o relógio biológico, que é o que determina os ritmos e fenômenos físicos e bioquímicos periódicos de cada pessoa, influenciado, entre outros pontos, pelas informações luminosas.

“Ao contrário do que a gente pensa, nosso relógio biológico não se orienta pelos relógios sociais, mas sim, pelo ciclo do claro e do escuro. Nesse novo horário, a gente acaba acordando e está escuro ainda. E isso gera um problema porque para o nosso cérebro entender que o dia começou, o dia tem que estar claro”.

Para o professor Luiz Silveira Menna Barreto, do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos da USP, existiria uma forma simples de amenizar o impacto da mudança de horários na vida: fazer com que a alteração passasse a entrar em vigor em um dia da semana, como a quarta-feira, por exemplo.

“Sábado para domingo é o pior dia possível para implantar esta mudança. A nossa tendência, principalmente na vida urbana moderna, é atrasar os horários para acordar de sexta para sábado e de sábado para domingo. E imagina, no horário de verão, ter que acordar ainda uma hora mais cedo depois disso”, argumenta.

No Brasil, o primeiro horário de verão foi entre 1931 e 1932, imposto pelo presidente Getúlio Vargas, com duração de cinco meses. A prática vem sendo adotada sem interrupções desde 1985, com algumas diferenças nos estados que aderem à mudança e os períodos de duração.

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