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Há um ano o governo federal iniciava o Programa Emergencial de Trafegabilidade e Segurança nas Estradas (Petse), batizado de operação tapa-buracos. Mal começaram as obras, o Tribunal de Contas da União (TCU) alertava que parte dos R$ 440 milhões investidos estava indo para a sarjeta, previsão logo confirmada. Em meses, voltaram os buracos, as rachaduras e os calombos no asfalto em vários estados. O Paraná, com alguns dos buracos mais caros do Brasil, hoje tem vários desses trechos já degradados. Cada um dos 596,5 quilômetros consertados no estado custou R$ 44 mil, em média, quase três vezes mais do que os R$ 14 mil em Goiás, ou quase o dobro se comparado aos R$ 28 mil de Minas Gerais.

No Paraná, o Departamento Nacional Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) gastou R$ 26,2 milhões para recuperar uma ponte em União da Vitória, no Sul do estado, e tapar buracos em nove trechos que estavam sem jurisdição, até então renegados pelo estado e pela União. A maior parte dos recursos ficou ao longo de 63,3 quilômetros entre Guaíra e Marechal Cândido Rondon, na região Oeste. Ali foram gastos

R$ 138 mil por quilômetro, em média. Os remendos deixaram a pista com muitas ondulações, mas na avaliação dos usuários o resultado não ficou de todo mal se comparado às condições da estrada antes do serviço (leia matéria nesta página).

O oposto deste resultado fica na Região Sul. Um mau exemplo do desperdício de dinheiro está nos 60 quilômetros da BR-476, saindo da Lapa em direção a São Mateus do Sul. Seis meses depois de concluída a operação tapa-buracos, a mistura usada no pavimento chega a desmanchar nas mãos. O problema é mais grave na altura do quilômetro 212, mas há incidência de rachaduras e deformação da pista em vários trechos, como no quilômetro 243 e na cabeceira da ponte sobre o Rio Potinga, pouco adiante de São Mateus do Sul, na altura do quilômetro 298. Deformidades na pista formam calombos que raspam na proteção do cárter de carros de passeio.

Os custos dos contratos emergenciais, feitos sem licitação, previam também a limpeza às margens das rodovias, mas no acostamento e na sarjeta, que deveriam estar limpos para escoar a água da chuva, estão amontoados restos do pavimento antigo. Os operários da empreiteira nem se deram ao trabalho de recolher os entulhos. Em vários pontos, motoristas desviam para a pista contrária para fugir dos calombos e depressões. Muitos caminhoneiros demonstram a insatisfação ainda ao volante, com o polegar para baixo, numa clara reprovação às condições da estrada. Um deles ficou indignado ao saber que neste ano o Dnit vai mexer novamente nesta estrada.

Recuperação

Todos os trechos atendidos na operação tapa-buracos vão ser recuperados até 2009. Três deles estão com licitação concluída e vão ter as obras iniciadas ainda neste ano. Entre eles, o trajeto entre Lapa e São Mateus do Sul. Desta vez, o custo será de R$ 80 milhões. "Se fosse para fazer o que fizeram, que esperassem mais um ano e fizessem bem-feito", protestou o caminhoneiro Luís Carlos Picinin, 46 anos. Os 21 quilômetros desse trajeto que não passaram pelo tapa-buracos (por causa de intervenções do Ministério Público devido a supostas irregularidades apontadas pelo TCU) estão nas mesmas condições daqueles que foram recuperados.

A conclusão de Picinin é lógica: se um trecho da BR-476 vai agüentar até a recuperação definitiva, o outro logo adiante também agüentaria mais um ano. Os R$ 4,7 milhões gastos ali poderiam ter sido economizados. "Foi dinheiro jogado fora", diz. O questionamento do caminhoneiro é pertinente: se o Dnit sabia que essa rodovia seria recuperada (havia projeto para isso) por que gastar recursos com o tapa-buracos? O chefe de serviço de infra-estrutura do Dnit, Marcelo José Leal Gasino, explica que sem o tapa-buracos o custo da restauração seria bem maior. Segundo ele, o serviço foi feito para que não se perdesse o patrimônio, nem colocasse em risco maior a vida dos usuários. A conta dele é a seguinte: para cada R$ 1 não investido agora são necessários R$ 3 no ano seguinte.

A lógica vale para os outros dois trechos a serem recuperados em 2007: a BR-158 entre Coronel Vivida e Pato Branco (R$ 19,6 milhões) e a BR-272 entre Guaíra e Francisco Alves (R$ 15 milhões). Em 2008, será a vez do trecho entre São Mateus do Sul e União da Vitória, Laranjeiras do Sul até bem perto de Chopinzinho (BR-158), entre Marmeleiro e Barracão (BR-280), entre Guaíra e Marechal Cândido Rondon (BR-163), entre Campo Mourão e o Rio Muquilão (BR-487). O percurso da BR-373 de Coronel Vivida até o entroncamento com a BR-277 ficou para 2009.

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