Os irmãos Antônio e Donizeti Quirino Pontes, 48 e 50 anos, quase não saem mais de casa, na Vila Nossa Senhora da Luz. Há sete anos, desde que o pai, Wilson, teve um derrame, a vida dos dois é se alternar nos cuidados domésticos, ao lado da mãe Maria José, de 77 anos. A assistência vai madrugada adentro. Os manos são sucintos: é de direito. O pai tem de ser cuidado. Antônio até o emprego abandonou para ajudar a levantar o pai da cama, levá-lo ao banheiro, colocá-lo no sol. "Vai ser assim até quando Deus quiser", dizem.
Para eles, além do dever, tem a gratidão. O pai, hoje octogenário, sempre foi amigo de todas as horas. "Ele fez de mim uma pessoa educada", diz Antônio, sobre um bom motivo para abdicar de tudo e estar a postos. É da guarita doméstica que ouve a única frase inteligível que sai da boca do pai: "Que vida triste!" A mãe, em meio a tanta lamúria, encontrou um motivo para agradecer: os filhos que viraram o pai do pai. "Digo que um é o filho 24 horas e que outro é o braço direito", brinca. Eles riem, enchendo de graça a casa pequenina dos Pontes.
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