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O médico Cléber Souza faz atendimento de rotina em Flórida: saúde bem avaliada | Ivan Amorin/ Gazeta do Povo
O médico Cléber Souza faz atendimento de rotina em Flórida: saúde bem avaliada| Foto: Ivan Amorin/ Gazeta do Povo

Indicador

Ipardes mede qualidade da saúde, educação e rendaO Índice Ipardes de Desempenho Municipal (IPDM) é um índice anual que mede padrões socioeconômicos do Paraná e de seus municípios nos quesitos renda e emprego, educação e saúde. A cada item é conferido um valor que varia de 0 a 1. O índice geral do estado subiu de 0,6614 em 2008 para 0,6763 no ano seguinte. A melhoria se deve, principalmente, aos índices de educação e renda, já que o quesito saúde piorou em 196 das 399 cidades nesse período. Oitenta e sete municípios apresentaram redução no índice geral, mas todos ficaram posicionados a partir da faixa considerada de médio desempenho.

Apenas oito cidades estão no nível de alto desempenho do índice geral: Curitiba, Londrina, Maringá, Douradina, Ivatuba, Lobato, Palotina e São Manoel do Paraná. Desde que o índice começou a ser elaborado, o desempenho dos municípios melhorou, mas ainda existe muita disparidade. A saúde, indicador que apresentou queda em quase metade dos municípios (196), é onde se encontra a maior diferença entre os melhores e os piores desempenhos. (JG)

Cerca de 450 quilômetros de estrada separam Flórida (Noroeste do estado) e Doutor Ulysses (Grande Curitiba). Mas, no que se refere à qualidade da saúde pública, a distância entre as duas cidades é ainda maior. Os municípios representam os extremos do Sistema Único de Saúde (SUS) no Paraná, segundo o Índice Ipardes de Desempenho Municipal (IPDM) relativo ao ano de 2009 – o mais recente, divulgado no fim do ano passado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Eco­­nô­­mico e Social (Ipardes).

Com 2,5 mil habitantes, Flórida obteve o melhor desempenho em saúde do estado, com índice de 0,9931. Na outra ponta, Doutor Ulysses, com uma população de 5,7 mil pessoas, registrou o pior índice (0,3612) entre todos os 399 municípios paranaenses.

Curiosamente, a estrutura de saúde primária da cidade vizinha à capital é maior que a de Flórida. Doutor Ulysses tem cinco unidades básicas de saúde (UBS), uma unidade móvel, um clínico geral, um pediatra e um ginecologista. Já o município do Noroeste tem apenas uma UBS, um médico do Programa Saúde da Família, um clínico geral, um plantonista e um obstetra que atende uma vez por semana. Mas então o que explica tamanha diferença?

Segundo o diretor do Cen­­tro Estadual de Esta­­tística do Ipardes, Daniel Nojima, a condição socioeconômica da população é determinante para o abismo que separa os índices das duas cidades. "Áreas em que o indicador de pobreza é alto, pesa muito o comportamento do cidadão, que não tem conhecimento, não procura os serviços oferecidos", explica.

Uma das cidades mais pobres do estado, Doutor Ulysses não tem estradas de acesso pavimentadas, o que dificulta o desenvolvimento da cidade. A prefeitura depende basicamente do Fundo de Participação de Municípios (FPM). "A estrutura que temos não é ruim, mas o isolamento geográfico, social e econômico interfere na qualidade de vida da população", explica a ex-secretária municipal de Saúde, Salete Westley de Paula, que ainda é funcionária da pasta. Além da saúde, a cidade também é a detentora do pior índice da educação no Paraná.

Critérios

A elaboração do IPDM da saúde é feita com base em três critérios: número de consultas pré-natais, óbitos por causas mal definidas e óbitos de crianças com até 5 anos por causas evitáveis. Para Nojima, é provável que a taxa de mortalidade infantil tenha sido o fator decisivo para que o índice de Doutor Ulysses ficasse tão baixo, embora o número absoluto de óbitos infantis na cidade por ano seja pequeno. O problema parece estar na taxa de fecundidade do município. "A taxa de fecundidade tem baixado no Paraná. Uma ou duas mortes já causam oscilação no índice", explica.

A única semelhança entre Flórida e Doutor Ulysses é a necessidade de recorrer a cidades vizinhas quando o caso exige internação ou exames de alta complexidade. Em Flórida, a maior dificuldade é com relação à obstetrícia. Sem hospital, os partos são encaminhados para Mandaguaçu, Astorga, Nova Esperança e Maringá. "Muitas vezes, o encaminhamento é rejeitado pelos atendentes. Já tive que acordar secretário de Saúde para garantir o atendimento", conta o secretário municipal de Saúde, João Cornélio de Souza Filho. O mesmo procedimento é prática em Doutor Ulysses, que encaminha suas gestantes e pacientes graves para Curitiba.

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