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Primeiro mapa após emancipação e antes da Guerra do Contestado | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Primeiro mapa após emancipação e antes da Guerra do Contestado| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Província do PR serviu como "escola" de políticos

Os presidentes das províncias eram escolhidos pelos partidos políticos dominantes e nomeados para o cargo pelo Imperador. Podemos resumir a história provincial do Paraná em dois momentos. O primeiro até 1870, com o fim da Guerra do Paraguai, e depois até a instauração da República, quando o Paraná dá adeus ao termo ‘província’ e passa a ser um estado.

No primeiro período, os presidentes vinham de outras províncias. No segundo, há mais autonomia para escolher presidentes nascidos no próprio território. Em 1854, o Paraná era uma província pequena e de pouca expressão econômica. Tinha um pouco mais de 62 mil moradores e serviu, sobretudo, como trampolim político para a carreira de muitos que ocuparam o cargo.

Dessa forma, por muito tempo, serviu como uma espécie de escola formadora de administradores públicos, que adquiriam experiência em solo paranaense e depois galgavam posições melhores em sua carreira dentro do governo imperial.

Tudo se resolveu nos altos escalões. Foi assim que a elite política imperial definiu os rumos da província do Paraná. O próprio nome Paraná, que em guarani significa Rio Grande ou Grande Água, não foi alvo de consulta dos moradores da época, surpreendidos com a decisão do Império.

Afinal, o Rio Paraná era muito distante da então futura capital, Curitiba. Como escreveu o jornalista e pesquisador Jorge Narozniak, para chegar até o rio o caminho mais fácil para um morador de Curitiba era pegar um navio em Antonina ou Paranaguá, fazer escala em Montevidéu e Buenos Aires, subir pelo Rio da Prata e, aí sim, entrar nas águas do Paraná.

Em 1853, quando o atual território do Paraná separou-se da província de São Paulo, o baiano Zacarias de Góes e Vasconcelos tornou-se o primeiro presidente provincial do Paraná. Aos 38 anos, ele e sua esposa Carolina foram recebidos com festa pela população. O historiador Renato Carneiro, diretor do Museu Paranaense, ressalta que Zacarias chegou à província somente em dezembro. "Quando na verdade, o projeto de emancipação tinha sido aprovado em agosto", afirma.

Zacarias escolheu como a primeira sede do governo o Sobrado Bittencourt, próximo da atual Rua Barão do Rio Branco, em Curitiba. Apesar de ficar no cargo somente até maio de 1855, ele teve a dura missão de organizar os primeiros passos do Paraná. Coube a ele a missão de encomendar os estudos para a construção de estradas que ligassem Curitiba ao Litoral, determinando a construção da Estrada da Graciosa, só concluída em 1873.

"A estrutura da época era precária. Não tinham estradas que ligassem o planalto ao litoral. Só havia caminhos precários em que se transportavam as mercadorias no lombo de mulas. Não tinha comércio. Tudo estava para se fazer", ressalta Carneiro. O historiador salienta ainda que antes da emancipação, a população do Paraná pagava impostos a São Paulo. "E não havia um retorno de investimento nessa região", atesta.

Zacarias criou também uma companhia policial e incentivou a edificação de escolas primárias. Curitiba sequer tinha farmácia. Um ano após a instalação da Província, por ofício, Zacarias autorizou José da Silva Murici, que era do Serviço Sanitário do Exército, a fornecer medicamentos à população pobre da capital.

A província do Paraná existiu por 36 anos – até a Proclamação da República em 1889. Neste período, foram 41 presidentes provinciais – uma média de oito meses e meio para cada gestão. Com tanta dança das cadeiras, não é difícil imaginar a instabilidade e ineficiência administrativa que fizeram parte dessas quase quatro décadas provinciais. "Muitos não eram do Paraná e não tinham nem tempo de fazer algo. A rotatividade era muito grande", resume o historiador Carneiro.

E veio a República

Quando a República foi promulgada quem estava no poder da província paranaense era o Partido Liberal comandado pelo presidente Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá. Ele era o chefe do partido que detinha a maioria na Assembleia Provincial. Porém, no dia 16 de novembro de 1889, um telegrama de Marechal Deodoro da Fonseca determinou que Jesuíno saísse do cargo. Era uma ordem. Ele havia sido destituído da função. Nesse ano, o Paraná tinha 120 mil habitantes e o jornal 19 de Dezembro deixava de circular.

Vários governadores provisórios o sucederam e todos devidamente nomeados pelo governo federal. O primeiro a assumir foi o coronel Cardoso Júnior, depois José Marques Guimarães. Em 1890, o Paraná viu quatro governadores e três vices, todos formados por uma junta militar.

De acordo com o historiador Ruy Wachowicz, os antigos liberais que formavam o Partido Republicano Paranaense voltariam ao poder em 1891 com a eleição de Generoso Marques. Seu governo foi efêmero, uma vez que Deodoro renunciou ao cargo de presidente. Mas, pelo menos, foi nesse governo que se sancionou a primeira constituição paranaense, em 1891.

Ao assumir a presidência, Marechal Floriano Peixoto – conhecido como ‘mão de ferro’ – afastou todos os governadores e integrantes da Assembleia Legislativa que apoiavam Deodoro. O Paraná, assim, foi novamente governado por uma junta militar. Em fevereiro de 1892 subiu ao poder o Partido Republicano Federal, com Francisco Xavier da Silva, tendo como vice Vicente Machado, que em 1894, já como governador do Paraná, se retirou da capital no meio da Revolução Federalista.

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