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Aos 83 anos, o aposentado Assis dos Santos Oliveira tem neste domingo um motivo a mais para comemorar. Além de celebrar o Dia dos Pais com os 11 filhos e 45 bisnetos, Oliveira relembra hoje uma data que marcou sua vida. Há 28 anos, ele era o primeiro paciente da América Latina a ser submetido a uma angioplastia com balão. Na época, a técnica era a única alternativa para evitar uma cirurgia. O procedimento era feito a partir da inserção de um pequeno balão por meio da artéria do braço até o local do entupimento. Ao alcançar o ponto obstruído, o balão era inflado e esmagava a placa de gordura contra a parede da artéria, liberando a passagem do fluxo sangüíneo. Mesmo sendo uma técnica nova, Oliveira aceitou a proposta, principalmente por causa da rápida recuperação que o método prometia. Se fosse operado, o aposentado teria de ficar em repouso por 45 dias. Optando pela angioplastia, o retorno à vida normal poderia se dar em apenas poucos dias. "A gente sempre ouve falar que as doenças do coração podem matar. Não tive medo de tentar algo novo", conta Oliveira, que até hoje mora sozinho, cuida da casa e mantém sua própria lavoura em Lages, Santa Catarina.

Em três décadas, a angioplastia se tornou um procedimento muito mais sofisticado. Hoje, cerca de 70% dos pacientes cardiológicos são tratados com esse tipo de técnica pouco invasiva, sem precisar passar por cirurgia. "Oliveira pode ser visto como a história viva da evolução dos tratamentos para a doença coronariana nos últimos 30 anos", afirma o cardiologista Costantino Costantini, que realizou o procedimento na época e acompanha a saúde do aposentado até hoje. Segundo o médico, se não fosse o novo método, o aposentado poderia ter precisado passar por duas ou quem sabe três cirurgias. "E sabemos que quanto mais cirurgias, maior o risco", ressalta.

Depois de entrar para a história da cardiologia intervencionista, Oliveira continuou sendo monitorado e tratado. Em 1992, ele passou por um rotablator (procedimento que lixava as paredes da coronária) seguido de angioplastia e, em 1995, recebeu um stent coronária direita. Dez anos depois, Oliveira teve a implantação de quatro stents farmacológicos, considerados os mais modernos disponíveis atualmente. Feitos de uma malha de aço muito fina, eles são recobertos por medicamentos e ficam em contato direto com a parede da artéria, tendo, portanto, uma cicatrização muito melhor.

Para Costantini a tendência é que os procedimentos vão se tornando cada vez menos agressivos e invasivos. Com isso, a recuperação e a qualidade de vida do paciente tendem a ser cada vez melhores. "Oliveira é um exemplo vivo disso", afirma. Para a filha do aposentado, Elizabete Oliveira Ribeiro, o segredo da saúde do pai está no seu estilo de vida ativo. Além de cuidar das tarefas domésticas, foi ele próprio que, há dois anos, construiu a casa onde mora. "Ele não aguenta ficar muito tempo parado. Está sempre inventando alguma coisa. Vai no mercado sozinho, cozinha, mas o que ele mais gosta é mexer com a terra, cuidar da roça", conta.

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