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Enquanto o governo do estado alegava na manhã de ontem, durante a Escola de Governo, que o Paraná não restringe o acesso aos medicamentos gratuitos, a empregada doméstica Vera Iara Bandeira, 56 anos, procurava a reportagem da Gazeta do Povo para reclamar da falta de dois remédios excepcionais: Ribavirina e Interferon, essenciais para que ela inicie o tratamento contra hepatite C. Associações e pacientes consultados também apontaram o não-fornecimento de outros seis medicamentos. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou que, dentre eles, apenas dois estavam regularizados.

Para complicar a situação, uma falha registrada ontem no sistema de computadores da Farmácia Especial, em Curitiba, fez com que cerca de cem pacientes saíssem de mãos vazias, de acordo com profissionais da Farmácia. "Fiquei das 13h40 às 16h30 na fila e não consegui pegar tudo que o médico tinha prescrito", afirma a dona de casa Maria Marli de Souza Lara, 57 anos, que necessita do Budesonida Fomoterol para asma.

Já a assessoria de imprensa da Sesa alega que todos os pacientes que necessitavam da medicação puderam retirá-la. Foi o caso da dona de casa Sueli Souza, que conseguiu o Rebif 44, usado no tratamento de esclerose múltipla. "Me informaram que o medicamento chegou segunda-feira, mas estava em falta desde o mês passado. Não tem para vender. É só aqui", afirma. Segundo a presidente da Associação Paranaense de Esclerose Múltipla, Olga Neves, foram registrados 18 casos de surto violento por causa da falta de remédios, como o Avonex.

A Associação Paranaense de Portadores de Parkinsonismo, que chegou a protestar em frente ao Palácio Iguaçu, registra desde o início do mês apenas a falta do Prolopa, dentre 12 medicamentos fornecidos. Para a Associação Paranaense de Assistência à Mucoviscidose, todos os 36 medicamentos para fibrose cística estão disponíveis.

Dentre os medicamentos citados, a Sesa informou que o Interferon nunca esteve em falta e que o Prolopa será regularizado hoje; o Ribavirina, na sexta-feira; e o Budesonida Fomoterol, na próxima semana.

Causas

Segundo o governador Roberto Requião, o Paraná não restringe o acesso aos medicamentos, pois houve crescimento de 223% no atendimento a pacientes de remédios excepcionais, padronizados pelo Ministério da Saúde e de alto custo. "O gasto com medicamentos cresce anualmente. Em 2002, os gastos foram de R$ 78 milhões e em 2006, R$ 187 milhões", defendeu. Requião fez questão de diferenciar os medicamentos excepcionais, padronizados pelo Ministério da Saúde e pelo governo do estado, dos solicitados judicialmente.

"Havia necessidade de modernizar o sistema por conta do aumento enorme da demanda e das determinações do Ministério da Saúde. O governo está trabalhando como um todo e temos mais agilidade", explicou o secretário Cláudio Xavier. Segundo ele, o fornecimento de medicamentos está regularizado.

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