O pai de Bernardo Boldrini, assassinado aos 11 anos em abril, no interior do Rio Grande do Sul, disse em audiência de conciliação realizada em fevereiro deste ano que o garoto deveria continuar vivendo na casa dele. Durante a audiência, a Justiça e o Ministério Público sugeriram que Bernardo passasse a morar com a avó materna, Jussara Uglione. "Esse guri deve ficar na minha casa", disse Leandro Boldrini.
O médico foi intimado pelo juiz Fernando Vieira dos Santos, da Vara da Infância e da Juventude de Três Passos, depois que Bernardo esteve no fórum para pedir ajuda. O menino relatou ao juiz problemas com o pai e com a madrasta, Graciele Ugulini, e pediu para morar com a avó materna ou com um casal vizinho da família.
Leandro gravou a conversa com o celular. O áudio foi recuperado pela perícia depois de ser removido e divulgado pelo site G1 ontem. Durante a audiência, o juiz classifica a situação de "inusitada" e diz que nunca tinha sido procurado por uma criança no fórum.
O juiz falou que Bernardo também foi encaminhado ao Ministério Público, onde já havia "um expediente em andamento desde novembro de 2013". Além disso, o Conselho Tutelar e o colégio onde Bernardo estudava já haviam procurado o MP para relatar a situação do garoto. "Tivemos o cuidado de fazer essa intimação hoje temendo que o Bernardo sofresse algum tipo de represália, talvez até de um constrangimento em relação à família", disse o juiz na audiência realizada em fevereiro.
Segundo o juiz, Bernardo contou que o pai não gostava quando o garoto "se queixava". Na gravação, Leandro é lacônico e fala pouco. Ele contraria a possibilidade de guarda da avó materna, alegando problemas familiares entre a avó e a ex-mulher Odilaine, que se suicidou em 2010.
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