Para vencer o que os nutricionistas chamam de "analfabetismo nutricional", pais precisam solucionar a equação: cálcio + proteína + energia - gordura trans. A matemática, que parece simples, não está sendo resolvida pelos adultos. Os resultados estão no aumento do índice infantil de obesidade, hipertensão e colesterol.
Na volta às aulas, o desafio vem à tona. O alerta é que uma alimentação inadequada na hora do lanche prejudica não só o desenvolvimento da criança, como o próprio desempenho escolar. E as opções expostas nas prateleiras dos supermercados podem ser vilãs, como atestou pesquisa da nutricionista Elaine Monteiro Occhialini na lancheira dos alunos da Escola da Vila, na zona oeste de São Paulo. "Os achocolatados em caixinha ofereciam metade do cálcio indicado e, de 9 marcas de bolachas, 7 tinham o dobro de gordura e sal do que o recomendado", diz ela, que inspecionou o rótulo de produtos levados pelos alunos por uma semana.
Os resultados encontrados por Elaine foram enviados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Há cinco anos, ela começou uma mudança no lanche dos alunos. Aos poucos, até a cenoura consegue vencer o chocolate na preferência da criançada. Na cantina da instituição, frutas, sucos e queijos estão na lista de pedidos. "Tudo é negociado com eles. Eles participam do processo de educação alimentar", diz Elaine.
Rosana Perim Costa, gerente de nutrição do Hospital do Coração, ressalta que o cuidado com o lanche dos filhos é uma das ferramentas para prevenir resultados diagnosticados em estudos recentes. A radiografia nutricional de alunos em fase pré-escolar, concluída em 2008, revelou que nas creches públicas 26% das crianças até de 6 anos pesavam mais do que o recomendado Nas particulares, a taxa sobe para 34%. Por isso, a recomendação para a base do lanche é usar leite e derivados, barra de cereais e frutas.
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