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A maioria dos pais que permitem o consumo eventual de álcool pelos filhos acredita que, se não houver casos de alcoólatras na família, a ingestão moderada não levará à dependência, mostra a pesquisa do Ibope. Quem tem um parente com tendência ao alcoolismo tem quatro vezes mais chance de ter a doença, explica o psiquiatra Luís Renato Carrazai, que atende no ambulatório de saúde mental do Hospital de Clínicas.

Contudo, ele destaca que a dependência química não está ligada apenas a fatores genéticos. O consumo frequente de álcool pode levar o organismo a exigir mais e mais bebida. "O cérebro passa a sentir falta da substância. Ou seja, no começo a pessoa busca a bebida pelo prazer e depois pelo desprazer que a falta do álcool produz. Ela não consegue parar de beber por questões físicas", explica.

Com três décadas de experiência no atendimento a dependentes, ele confirma que o consumo de álcool é cada vez mais precoce. "Em decorrência disso, as consequências também estão vindo mais cedo", indica. Carazzai destaca ainda que a bebida alcoólica atua no lobo frontal do cérebro, área responsável pela autocrítica e pelo consciente. Sem essas barreiras, a tentação de experimentar outras drogas é mais forte.

A família não deve oferecer bebida nem proibir a ingestão, diz o médico, e deve informar que duas doses em dias alternados é o máximo que o organismo consegue metabolizar. "As pessoas esquecem que, para adolescentes, o álcool é uma droga ilícita", lembra. Quando a situação passar de uma experimentação, é o caso de procurar ajuda rápido. "Primeiro a família nega que exista um problema. Depois procura desculpas, dizendo que é uma fase, que é coisa da idade, que vai passar. O estágio seguinte é colocar a culpa nos amigos. Mas a maioria só admite que o caso é sério quando há uma mudança brusca de comportamento ou acontece algo, como um acidente", conta.

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