O número de usuários de crack hoje no Brasil está em torno de 1,2 milhão e a idade média para início do uso da droga é 13 anos. Os dados foram apresentados ontem pelo psiquiatra Pablo Roig, durante o lançamento da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Crack, na Câmara dos Deputados. Roig é especialista no tratamento de dependentes do crack. O número é uma estimativa feita com base em dados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os especialistas presentes na audiência revelam que os países gastam de 0,5% a 1,3% do PIB com o combate e tratamento ao uso de drogas.

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A pediatra e pesquisadora gaúcha Gabrielle Cunha desenvolve um trabalho no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas com bebês cujas mães usaram crack durante a gravidez. Uma pesquisa desenvolvida por ela em 1999 aponta que 4,6% das gestantes usavam a substância. Segundo ela, o índice é muito superior ao verificado em outros países. "Nós não temos estatísticas nacionais sobre isso. Mas imaginamos que atualmente seja no mínimo o dobro [desse percentual de 1999], tendo em vista o número de pacientes que chegam até nós", disse.

Segundo Gabrielle, os recém-nascidos que foram expostos ao crack ainda na barriga da mãe apresentam logo nas primeiras 48 horas de vida "alterações neurológicas e comportamentais provocadas pela exposição prolongada à droga". Mas ela ressalta que essas crianças não são viciadas e os danos podem ser minimizados. "No início se pensava que esses bebês teriam problemas graves e má-formação, mas, na verdade, as alterações são no neurocomportamento. Eles são mais irritáveis, são bebês que geralmente têm dificuldade de alimentação. Mas, conforme o estímulo e o tratamento que ele recebe, é possível reverter essa situação, que é temporária", ressaltou. Atualmente, cerca de 150 bebês nessa situação são atendidos pelo programa do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, de Porto Alegre.

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