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O papa Francisco pediu nesta sexta-feira (2) o respeito mútuo e o fim dos ataques entre islâmicos e cristãos, em mensagem do conselho inter-religioso do Vaticano. A carta é enviada dias antes do Aid al-Fitr, festa que encerra o Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos.

Normalmente, o documento é assinado pelo titular do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, mas dessa vez o pontífice quis se encarregar do texto. "Este ano decidi assinar pessoalmente esta mensagem tradicional, como expressão de estima e amizade para com todos os islâmicos".

Na mensagem, ele convida à reflexão e pede educação para "promover o respeito mútuo e evitar críticas injustificadas e difamações" por parte das duas religiões. "Somos chamados a respeitar a religião dos outros, seus ensinamentos, símbolos e valores. É por isso que respeitamos os líderes religiosos e os locais de culto".

"Somos chamados a respeitar em cada pessoa, primeiramente sua vida, sua integridade física, sua dignidade, seus direitos, sua reputação, seu patrimônio, sua identidade étnica e cultural, suas ideias e suas escolhas políticas".

Francisco faz referência aos ataques físicos e verbais realizados por islâmicos e cristãos em diversos países do mundo. Nos últimos anos, diversas igrejas católicas são incendiadas e alvo de bombas na Nigéria, em ações do grupo radical islâmico Boko Haram.

Por outro lado, mesquitas são alvos de profanações e incêndios causados por militantes de extrema direita em diversos países da Europa. Ambos os lados também são acusados de atacar fiéis e de fazer mensagens, como caricaturas, contra cada religião.

Para o papa, os ataques são dolorosos e devem ser corrigidos com a ajuda da família, da escola, da educação religiosa e dos meios de comunicação. Ele ainda lembrou que seu nome é uma homenagem a são Francisco de Assis que, em 1219, atravessou as linhas de batalha da Quinta Cruzada para ver o sultão al-Malik al-Kâmil.

As relações entre o islã e o cristianismo foram prejudicadas em 2006 após as declarações do Bento XVI, que pareceu relacionar o islã à violência. Uma das demonstrações da retomada do contato foi uma declaração da mesquita de Al Azhar, no Egito, uma das principais autoridades da vertente sunita.

"Os problemas não se davam com o Vaticano, mas com o ex-papa, agora as portas de Al-Azhar estão abertas", defendeu na primavera Mahmoud Abdel Gawad, influente conselheiro do imã Ahmed Al-Tayeb de Al-Azhar.

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