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Brasília – Abandonada por três de seus cinco diretores, ameaçada de extinção, com seu presidente sob ataque e investigada por duas CPIs no Congresso, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) montou um dossiê, divulgado ontem, para dizer que a crise do setor aéreo está superada. Pelos dados da agência, o apagão aéreo e suas conseqüências – atrasos, cancelamentos de vôos e acidentes – terminou em junho deste ano. Para a Anac, portanto, o acidente de julho com o avião da TAM no aeroporto de Congonhas (SP) – que deixou 199 mortos – foi um evento isolado.

Não é a primeira vez que a Anac diz que tudo está normal nos aeroportos. No fim do ano passado, Mílton Zuanazzi – presidente da Anac – prometia tranqüilidade para quem fosse viajar. O Natal, no entanto, foi caótico nos aeroportos. Nesta semana, Zuanazzi afirmou que a crise acabou faz tempo. No mesmo dia, 20% dos vôos que partiriam de Congonhas foram cancelados. Desta vez, a agência acusou a imprensa de insistir na tese de que os problemas no setor não acabaram.

"A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) havia informado, por meio de seu presidente Mílton Zuanazzi, que a crise aérea havia sido superada para o usuário. Parte da mídia contestou as informações apontando um ou outro atraso de vôo", atacou a Anac no relatório.

No relatório divulgado, a Anac comparou os números atuais de atrasos e cancelamentos de vôo com os dados contabilizados até setembro do ano passado, mês do acidente entre o Legacy e o avião da GOL, com 154 mortos.

Até setembro, a média de atrasos era de 15%; os cancelamentos representavam 12% do total de vôos. Agora, de acordo com a Anac, os atrasos representam 9% e os cancelamentos, 10%.

Neste feriado prolongado de carnaval, no entanto, a situação difere do divulgado pela Anac.

Um grupo de mulheres de controladores de tráfego aéreo participaram ontem do 13.º Grito dos Excluídos em Brasília (leia mais na página 14). Com faixas, elas reclamam das condições de trabalho dos maridos e afirmam que eles são vítimas de assédio moral.

"A gente está se sentindo, neste momento, de uma certa forma, excluída, porque as forças militares declararam guerra contra os controladores", disse Lúcia da Silva, que coordena o Movimento das Famílias de Controladores por Dias Melhores. Segundo ela, a situação dos controladores se agravou com a queda do vôo 1907 da Gol, em 29 de setembro do ano passado, quando 154 pessoas morreram.

O Ministério Público denunciou (acusou formalmente) quatro controladores de tráfego aéreo pelo acidente. Além deles, também são acusados os dois pilotos americanos do jato Legacy, da empresa ExcelAire, que colidiu com o Boeing da Gol.

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