Antes da prova de conhecimentos específicos da segunda fase do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a maior preocupação entre candidatos aos cursos de Medicina, Direito e Filosofia era o exame de Filosofia, novidade no vestibular deste ano. Mas a ansiedade terminou assim que eles colocaram a mão na prova. "Foi ridículo. Achamos que seria muito mais difícil, que pediria reflexão, pensamento crítico. Em vez disso, quem soubesse os conceitos básicos dos filósofos resolveria a prova", disse Yvan Miguel do Carmo, vestibulando de Filosofia.
Ana Luíza Boldrini, colega de cursinho de Yvan, foi ainda mais longe. "Era possível resolver quase tudo sem nem ter lido os textos pedidos pela Federal", comentou. Caio Kaminski, treineiro (vestibulando que ainda não acabou o ensino médio) de Direito, comprova a tese de Ana: não leu nada e resolveu as dez questões. "Era mais interpretação de texto", disse.
Thomas Von Der Heyde, candidato ao curso de Medicina, leu os textos de Maquiavel e Descartes e faz coro com os outros vestibulandos. "Achei que seria mais difícil. Até entendo os motivos da inclusão da prova de Filosofia para nós, mas não achei uma boa idéia tirar Biologia", avaliou. Patrícia Novak, também candidata a Medicina, veio de Maringá e achou injusta a inclusão da nova matéria. "Ainda mais porque avisaram no meio do ano. Tive de procurar aulas separadas", contou.
O professor Júlio Cézar Siqueira, que dá aulas de Filosofia nos cursinhos Unificado e Acesso, não concorda muito com os candidatos. "A prova foi ótima, muito bem elaborada e abrangente. Para mim foram os estudantes que, diante do susto de ter de fazer uma prova de Filosofia, capricharam na preparação", diz. E alerta: era necessário, sim, ter lido os textos. "Quem não leu até conseguiu responder as questões, mas o fez usando mais um ponto de vista histórico só que não era isso que a UFPR estava pedindo na prova. O fato de incluírem trechos das obras no enunciado só aumentou a confiança de quem leu tudo", argumenta.
Atrasados
No bloco 1 da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, pelo menos seis candidatos chegaram atrasados. Ao contrário do domingo, a porta do bloco foi fechada às 13h30, sem nenhum minuto de tolerância. Jurandir Fortunato do Carmo pretendia uma vaga em Filosofia. "Eu estava revendo a matéria, aqui no pátio. Estou aqui desde 12h30, olhando no relógio", lamentou, sem explicar como deixou de entrar.
No total, segundo a UFPR, 36 vestibulandos deixaram de comparecer ontem, somando-se aos 713 faltantes de domingo. A abstenção total na segunda fase foi de 5,4%.
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