• Carregando...

Brasília (AE) – O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Odilo Scherer, afirmou ontem que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu ser coerente com a proposta eleitoral e classificou o país como um paraíso financeiro. "Temos conhecimento das pressões existentes num governo, mas é preciso que interesses da sociedade também sejam satisfeitos", afirmou.

Durante o lançamento da Campanha da Fraternidade, d. Odilo defendeu a revisão da política social e econômica, com redução das taxas de juros. Medidas que, na avaliação dele, são indispensáveis para superar a pobreza e corrigir o desnível entre ricos e pobres. Como exemplo das desigualdades enfrentadas pelo país, ele citou o "pífio" crescimento econômico registrado no Brasil, 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Divulgado semana passada, o índice brasileiro é superior apenas do que o registrado no Haiti quando analisados os dados das Américas.

Dom Odilo avalia que tal desempenho é fruto de uma política financeira concentradora, que transforma o país num paraíso para alguns grupos. O secretário-geral da CNBB afirmou que medidas de distribuição de renda, como o Bolsa Família, têm mérito e devem continuar. "Elas não podem ser deixadas de lado. Mas é preciso ir além delas, gerar emprego, trabalho", disse.

Eleição

Além de criticar a administração federal, d. Odilo disse que o apoio a candidatos está condicionado às propostas feitas na área social. "A Igreja pretende ser porta-voz de quem não tem voz", declarou. Segundo o secretário-geral, projetos somente poderão ser aprovados se houver indicações para superar a pobreza e corrigir o desnível entre ricos e pobres, que ele acredita ser um "abismo." "Todos os candidatos deverão se confrontar com essas questões."

Dom Odilo estima que, em razão das dificuldades encontradas atualmente, a política social será um tema caro para eleitores este ano. "Candidatos serão fortemente cobrados. A população quer saber o que será feito para gerar trabalho, distribuir a renda e acabar com a sangria para grupos financeiros", completou. Para o secretário, eleitores estarão mais atentos: "As comissões parlamentares de inquérito (CPIs) expuseram as chagas existentes. Todos os brasileiros estarão atentos para as propostas feitas pelos candidatos."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]