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Câmara pode ajudar com R$ 19 milhões

A superintendente de planejamento da prefeitura de Curitiba, Ana Jayme, explica que demandas menores de manutenção, apresentadas nas regionais, acabam sendo atendidas em curto prazo, com materiais já disponíveis em estoque. O restante das solicitações precisa passar pelo corpo técnico do município, com foco no equilíbrio das contas. "É como o orçamento de casa, tem as despesas fixas, não dá para fazer tudo o que queremos com o salário." Ana ressalta que algumas sugestões, como a construção de Unidades Básicas de Saúde, dificilmente entram no orçamento do ano se não há projeto pronto e terreno escolhido. "Não dá para fazer de um ano para o outro."

Grandes pautas

Segundo a superintendente, Curitiba tem o 4.º maior orçamento do país, com mais de 50% dos recursos provenientes de tributos municipais. Apesar disso, a maior parte dos R$ 7,8 bilhões anuais é destinada para manter a estrutura já existente (mais de 1,4 mil equipamentos públicos e o quadro de funcionários). "Mobilidade é uma das grandes pautas. Esse diagnóstico mostra que o investimento em uma área faz mudar a demanda nas próximas consultas", opina.

Depois de fechada, a proposta orçamentária segue para aprovação na Câmara, com uma reserva de 0,5% (quase R$ 19 milhões) para emendas do Legislativo. É nessa fase que os vereadores podem atender algumas demandas pontuais da população, como explica o presidente da Comissão Permanente de Economia, Finanças e Fiscalização, Serginho do Posto (PSDB). "Os vereadores procuram atender o cidadão com obras pontuais não previstas no orçamento, em busca de atender o maior número da coletividade. Geralmente, asfalto fica em primeiro, depois vem lazer e segurança." As emendas da Lei Orçamentária Anual (LOA) serão analisadas no dia 1.º de dezembro, e o texto inteiro será votado nos dias 9 e 10.

"Vizinhaça Participativa" é alternativa

Bruna Komarchesqui

Neste mês, o prefeito Gustavo Fruet sancionou, com veto parcial, o projeto "Vizinhança Participativa", que prevê compartilhamento de custos entre população e poder público, na execução de pequenas obras não previstas no orçamento. Segundo Ghisi, o veto de alguns artigos reforça que a iniciativa de parceria só pode partir dos moradores – e não do município – e que a lei não vale para obras de infraestrutura. "É como um casamento, eu posso morrer solteiro. O melhor exemplo é a Praça de Bolso do Ciclista [na Rua São Francisco], a prefeitura deu o material e a população fez a obra. São coisas que se encaixam. A prefeitura participa com o que já tem, grama, banco, máquinas. Será uma lei muito útil quando estabelecermos as subprefeituras", defende. Os procedimentos caso haja discordância de parte dos moradores ainda devem ser definidos na regulamentação da lei. Os projetos das obras, segundo Ghisi, poderão ser distribuídos entre as secretarias, sem grandes problemas. "Entendo que não se pode obrigar, faz quem quer. Mas é um exercício de cidadania, o mundo inteiro faz assim. As pessoas precisam entender que pagam IPTU mais barato que IPVA e acham que o poder público tem que fazer tudo."

Asfalto, recapeamento e outras obras relacionadas a vias públicas são a prioridade do curitibano na hora de pensar o orçamento do município. A demanda aparece na frente de outras como trânsito, saúde, meio ambiente e educação nas consultas públicas abertas pela prefeitura – presencialmente, nas nove regionais, e por canais interativos – para a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2015. Quase 25% dos cerca de 6 mil cidadãos ouvidos defendem as vias como a primeira prioridade na aplicação de recursos municipais. Apesar disso, a prefeitura não prevê um programa específico de asfaltamento no orçamento do próximo ano, como já ocorreu em gestões anteriores – na década de 1990, o Plano 1000 do prefeito Cassio Taniguchi culminou na pavimentação de mil quilômetros de vias em Curitiba. Na proposta enviada à Câmara, há previsão de pavimentação alternativa, implantação de ciclovias, obras de asfaltamento e manutenção, que somam R$ 140 milhões. O montante representa menos de 2% do total do orçamento, mas cerca de 20% da verba destinada a investimentos.

INFOGRÁFICO: Confira o mapa das principais necessidades da população

Segurança, com 16% da preferência por participantes, trânsito (10,8%) e saúde (10,5%), vêm atrás das ruas como desejos prioritários dos curitibanos. De acordo com a professora Gislene Pereira, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPR, além de uma carência de asfalto fora dos bairros mais tradicionais, a priorização de vias em detrimento de problemas tradicionais, como educação, aponta para uma tendência popular de pensar em soluções de curto prazo. "É um reconhecimento de que esse tipo de coisa a prefeitura pode fazer de maneira imediata, está ao alcance. É comum, quando se faz esse tipo de pergunta, ver o problema imediato, o buraco na frente da rua." Segundo ela, além de trazer melhoria em qualidade de vida e acesso, asfaltamento é um fator fundamental na valorização do imóvel. "Quando se vê anúncio de venda, consta 'via pavimentada, via não pavimentada'."

Surpreso com a amostra, o professor de urbanismo da Universidade Positivo Rivail Vanin de Andrade pondera que a opinião popular reforça a "cultura do carro" existente em Curitiba. "É quase um carro por habitante, a maior taxa entre as capitais. Chama a atenção que a cidade com o melhor transporte público do Brasil tenha esse índice de motorização. É um contrassenso." Para Andrade, o resultado do debate público parece estar pouco ligado à necessidade de infraestrutura básica. "Mesmo as ocupações irregulares têm estrutura, nem que seja antipó ou saibro. Esse pedido de vias poderia ser algo relacionado a calçadão, via calma, mas não me parece ser a realidade", ressalta.

Prefeitura detalha investimentos na área

Em contato com a reportagem nesta quinta-feira (30), a Prefeitura de Curitiba informou que, embora não haja um programa específico com este nome, existe um planejamento anual e regular para obras de implantação de asfalto, recuperação e manutenção de ruas, em cumprimento à aplicação dos recursos do orçamento e das metas estabelecidas na Lei Orçamentária Anual (LOA).

"Nestes 22 meses da atual administração, a Secretaria Municipal de Obras Públicas já investiu mais de R$ 180 milhões em pavimentação e revitalização de vias", informou a administração municipal.

A prefeitura deu ainda dados da malha viária de Curitiba, que é composta por 4.650 quilômetros, dividida em 32,18% com pavimentação asfáltica, 59,46% com pavimentação de antipó e 8,36% pavimentada com outros materiais (saibro, paralelepípedo e pedra).

Para 2015, a administração informou que já estão garantidos R$ 59 milhões para execução de serviços de pavimentação e revitalização de ruas, além de R$ 154 milhões para "obras estruturantes, que priorizam locais onde circulam ônibus do transporte coletivo".

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