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Rio – O excesso de peso, afirmam os especialistas, é reflexo de uma combinação perversa de fatores como sedentarismo e alimentação inadequada. "Os determinantes principais são a inatividade física e hábitos não saudáveis de alimentação, como o consumo excessivo de refrigerantes e de alimentos com alto teor de açúcar e/ou de gordura", diz o chefe do Departamento de Nutrição da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Augusto Monteiro, também consultor do Ministério da Saúde.

"À medida que a criança fica maior, o alimento passa a ter um simbolismo, passa a ser manipulado pela propaganda, pelo desejo, pelo status. Assim como a criança com menos de cinco anos é vulnerável à desnutrição, a criança acima de cinco é vulnerável ao excesso de peso e à obesidade", ressalta Monteiro.

Considerando o estilo de vida citado, não é à toa que é o excesso de peso seja mais freqüente em habitantes das cidades, embora afete a todos, nas diferentes classes sociais. É na área urbana que é registrada a maior proporção do País, para adolescentes do sexo masculino: 23,6%, no Sul. Um quadro bem diverso do encontrado no Nordeste rural, com 6,8%.

Pediatra da Associação de Nutrologia, Viuniski arrisca uma explicação para o fato de os meninos serem mais atingidos pelo excesso de peso. "Possivelmente, deve-se ao fato de as meninas serem mais bem informadas e preocupadas com seu peso, por motivos sociais e estéticos."

Gordura zero

Para Monteiro, programas de transferência de renda instituídos pelo governo têm sua importância na eliminação da desnutrição infantil, mas nada fazem para evitar os transtornos associados ao ganho de peso excessivo. "Neste caso, precisamos pensar na orientação alimentar e em iniciativas que tornem a alimentação saudável mais acessível a toda população. A preocupação com a Bolsa Família é importante, mas não é tudo. Não podemos substituir os programas universais", argumenta.

Coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Ana Beatriz Vasconcelos reconhece que o país hoje tem uma "dupla carga", ou seja, a de sustentar as melhorias já alcançadas – numa referência à queda da desnutrição infantil – e a de fazer um trabalho de promoção à saúde, que ajude a frear os indicadores de excesso de peso.

"O impasse é que temos que manter as políticas para garantir renda, mas também termos políticas de promoção à saúde, que produzam uma mudança de comportamento, como programas de alimentação saudável nas escolas."

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