Para tirar a agricultura do atoleiro

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Curitiba – O Brasil é considerado o celeiro do mundo, onde tudo o que se planta nasce. País com terras férteis, no qual culturas agrícolas de outras regiões do planeta se adaptaram bem.

A economia brasileira por séculos se baseou na exportação de produtos agrícolas, como o café. Muitos fazendeiros fizeram fortunas.

A modernização da agricultura chegou na década de 1970. Foi a chamada revolução no campo, com a mecanização e a produção de novas variedades de grãos. Nos últimos anos, foi a vez da soja trazer riquezas. Mas a queda nas exportações e o real valorizado fez o setor entrar em crise. Os produtores esperam socorro do governo. Pedem a renegociação das dívidas e a volta de políticas de proteção à agricultura.

"Há uma descapitalização grande do setor agrícola. Não existe políticas públicas para os produtores empresariais, só para os pequenos agricultores", afirma Everaldo Anastácio Pereira, professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília.

Para o professor de Economia Brasileira Cláudio Afonso Vieira, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), o governo induziu a expansão agrícola no país, mas não criou garantias para o setor.

"No passado, nós tínhamos uma política de proteção com garantia de renda para o setor agrícola. O governo comprava o excedente da produção. Agora estamos com uma supersafra, mas a valorização do real afetou duramente o setor", afirma Vieira.

O setor agrícola cresceu entre 2001 e 2003. Os produtores importavam insumos e vendiam a produção em dólar. O agricultor investiu em tecnologia, máquinas e equipamentos. Aumentou a área plantada. Mas a crise cambial fez os produtores amargarem prejuízos e perderem competitividade externa.

Compensação

Segundo Everaldo Pereira, o produtor investiu quando o dólar estava em alta, mas quando ele foi escoar a produção o dólar estava em baixa. "Se existisse um mecanismo compensatório ou uma política concisa de preço mínimo garantiria a produção. Como um produtor vai investir comprando insumo de fora com uma moeda valorizada e na hora de vender o produto a moeda está em baixa?"

Já Cláudio Vieira acredita que a crise na agricultura é resultado dos problemas fiscais no país.

"O governo não consegue manter a política de sustentação de preços. Lá fora, a agricultura é altamente protegida. Se você deixa pelas regras do mercado, o setor sucumbe. Há muita competição, com concorrência predatória", alega Vieira.

Os principais candidatos à Presidência prometem criar políticas para o campo. As propostas são parecidas.

Especialistas apontam que seriam necessários R$ 30 bilhões para sanear a crise no setor. As entidades que representam os produtores rurais não querem esperar que o próximo presidente assuma para que medidas sejam tomadas, mas torcem que o futuro ocupante do Palácio do Planalto, em Brasília, tenha muito carinho pela agricultura brasileira.