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Vala séptica na CIC foi isolada e a segurança, reforçada | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Vala séptica na CIC foi isolada e a segurança, reforçada| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Histórico

Relembre casos marcantes de contaminação do solo no país:

Chumbo

Adrianópolis, na Grande Curitiba, teve parte de sua área contaminada por chumbo. A mineradora Plumbum, que funcionou por 65 anos na região e fechou na década de 1990, jogava resíduos da produção nas águas do Rio Ribeira, nas margens do rio e no alto de morros. A população continua exposta aos efeitos nocivos do chumbo, segundo o Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde.

Óleo

Quatro milhões de litros de óleo bruto atingiram os rios Barigui e Iguaçu, em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, em 2000. O material estava sendo transportado do terminal marítimo de São Francisco do Sul para a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). Segundo o IAP, após 14 anos as áreas estão em fase final de remediação. A Petrobras foi condenada em 2013 a pagar R$ 1,4 bilhão por causa do acidente. De acordo com o IAP, já foram pagos R$ 100 milhões.

Pesticidas

Uma fábrica de pesticidas funcionava ao lado da Cidade dos Meninos, antigo centro educacional em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. A empresa fechou em 1955, mas deixou 400 toneladas de material tóxico no local, que se infiltrou no solo. O Ministério da Saúde informou, em 2012, que 97,2% dos 2 mil moradores estavam contaminados em algum nível por substâncias usadas na fabricação dos pesticidas.

Pó da China

Unidade industrial da empresa francesa Rhodia em Cubatão, na Baixada Santista, foi interditada em 1993 após ter jogado 12 mil toneladas de resíduos tóxicos em aterros irregulares em 15 anos de atividades. A fábrica produzia o pesticida conhecido como "pó da China". Ex-empregados da empresa entraram com pedidos na Justiça de indenização por danos à saúde.

Mapeamento

IAP trata contaminação com base em denúncias ou histórico da área

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) atualmente trabalha para localizar áreas suspeitas de contaminação por três caminhos: estudos do histórico da área, identificação de atividades potencialmente contaminadoras executada por empresas (como aterros sanitários e fundição de chumbo) e denúncias de passivo ambiental.

O IAP também utiliza parâmetros listados pelo Conama das quantidades máximas de substâncias químicas que podem estar no solo ou em águas subterrâneas sem causar danos à saúde, apesar de ainda não ter consolidado os valores de referência para comparar os dados.

Nos últimos anos, a entidade atuou na recuperação de dois casos marcantes de contaminação do solo. Em ações conjuntas entre o governo e empresas, foi removida e incinerada 1,5 mil tonelada de agrotóxicos vencidos que estavam armazenados em Tamarana, no Norte do estado. Outras 800 toneladas de agrotóxicos vencidos armazenados de forma inadequada em propriedades rurais pelo estado foram destruídas.

O IAP também atuou no passivo da empresa Resicor/Resimaster, que armazenava tambores de produtos químicos de forma irregular em Jacarezinho. A empresa pagou pela remoção dos produtos.

Postos

Assim como em São Paulo, onde oito em cada dez áreas contaminadas estão sob postos de combustível, no Paraná esses estabelecimentos também são os maiores poluidores do solo. Segundo o Instituto Ambiental do Paraná, dos cerca de 3 mil postos do estado, 20% (ou seja, 600 empreendimentos) apresentaram algum tipo de contaminação. Além disso, algo em torno de 20% dos postos não possuem licenciamento ambiental, que só é emitido após estudos de identificação de passivos ambientais. Se constatada contaminação, o empreendedor é responsabilizado e deve sanar o problema.

O Paraná não deve cumprir o prazo legal, que vai até o fim do ano, para identificar as áreas contaminadas em seu território, conforme prevê a legislação federal. De acordo com a Resolução 420/2009, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), os estados devem criar parâmetros para determinar quais terras apresentam contaminação de solo. O Instituto Ambiental do Paraná (IAP), responsável pela tarefa, avisa que não terminará o levantamento a tempo.

Conforme a lei, os estados devem estabelecer, até dezembro, índices que mostrem a composição natural do solo. A partir desses dados, é possível identificar se alguma substância está presente de maneira excessiva. Terras contaminadas são aquelas com concentração de produtos químicos – como agrotóxicos, solventes e até chorume de lixões – que podem causar riscos à saúde humana.

"Infelizmente, neste prazo, o IAP não conseguirá obter os valores, pois são estudos que dependem de convênios com instituições de pesquisa, portanto, de trâmites muito burocráticos", justifica, por e-mail, Rossana Baldanzi, chefe do Departamento de Licenciamento de Atividades Poluidoras do IAP. Segundo ela, não há previsão de quando o trabalho será finalizado. Sem os dados, não é possível mapear as áreas contaminadas e nem traçar um plano de remediação que abranja todo o estado.

A dificuldade do Paraná em seguir a resolução é porque o processo é caro e trabalhoso, segundo o IAP. Para se chegar aos valores de referência, é preciso coletar amostras de solo de várias regiões e compará-las com outras que não tiveram nenhum tipo de interferência.

São Paulo

Não há dados sobre como outros estados estão se adequando às regras, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Adiantado, o estado de São Paulo levantou que possui 4,5 mil áreas contaminadas em seu território. A partir da identificação das áreas, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) elaborou um manual de gerenciamento das terras e até disponibiliza para consulta na internet a relação dos locais contaminados.

Apesar do atraso do Paraná, o professor do De­­partamento de Solos e En­­genharia Agrícola da UFPR Luiz Lucchesi acredita que o mais importante é que os estudos sejam feitos de maneira correta, e não da forma mais rápida. "O IAP tinha que divulgar os resultados de seus estudos, procurar entidades, universidades, para que toda a sociedade participe", assinala.

Vala tem lixo sepultado desde a década de 1980

Anos depois da desativação de uma vala séptica, que recebia todo o lixo hospitalar da capital na Cidade Industrial de Curitiba, o solo e a água da região continuam com níveis altos de contaminação por fármacos e produtos químicos. A vala recebeu 62 mil toneladas de resíduos dos serviços de saúde de Curitiba entre 1988 e 2005, quando foi desativada. O lixo hospitalar continua enterrado no local, que fica a apenas dois quilômetros da represa do Passaúna, responsável por parte do abastecimento de água da capital.

Em águas subterrâneas próximas à vala, a pesquisadora Margarete Lass Erbe, do Departamento de Engenharia Química da UFPR, encontrou traços de cafeína, analgésicos, sedativos e até fármacos usados para fazer contraste em raio X. As concentrações são pequenas, medidas em nanogramas, mas estão acima da normalidade, segundo a pesquisadora. Ela sugeriu na pesquisa, realizada em 2011, que órgãos responsáveis deveriam monitorar a área para avaliar possíveis riscos à população.

Cercado

Segundo o engenheiro sanitarista do Departamento de Limpeza Pública da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Luiz Celso Coelho da Silva, o local da vala é cercado e vigiado 24 horas por dia. Em 2010, foram instalados pontos de coleta para que a água da chuva não se infiltre no solo e encontre o lixo. Conforme Silva, está em fase de licitação a instalação de nove postos de monitoramento na região para avaliar a qualidade da água subterrânea e também de obras para evitar erosão no terreno. O lixo segue enterrado na vala porque a tecnologia para retirá-lo ainda é inviável. "Vai chegar uma época em que será mais interessante tirar [o lixo hospitalar], até porque é uma área viável economicamente, diz.

Atualmente, os dejetos hospitalares da capital são recolhidos e tratados por empresas terceirizadas, que são pagas pela prefeitura e pelos próprios hospitais. A Sanepar informa que a atividade da vala séptica não interfere no manancial do Passaúna, pois a vala está na bacia de outro rio, o Barigui, onde não há captação.

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