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Maiele recebeu um dos 23 corações doados no Paraná no ano passado | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Maiele recebeu um dos 23 corações doados no Paraná no ano passado| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo
  • Veja que alguns casos de transplantes diminuiram em 2009

Enquanto os estados vizinhos Santa Catarina e São Paulo apresentam índices cada vez mais altos de doações efetivas de órgãos, segundo o recente levantamento da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) – que será divulgado hoje –, o Paraná, que já esteve em terceiro lugar no ranking dos estados com o maior número de transplantes, avançou pouco entre 2008 e 2009.

De acordo com a pesquisa, o número de doadores do estado no ano passado foi de 8,6 por milhão de população (ppm), um pouco abaixo do resultado nacional, que foi de 8,7. Enquanto o país apresentou um aumento de 26% nas doações, os índices no Paraná subiram cerca de 30%. Um resultado positivo se não fosse o fato de doações importantes como as de coração e de medula óssea terem caído consideravelmente no último ano (veja tabela). O resultado do Para­ná, pelo o que tudo indica, se deve aos transplantes de rim e de tecidos como ossos e válvulas cardíacas.

Enquanto isso, São Paulo e San­­ta Catarina registram índices de paí­­ses desenvolvidos, de 19,8 e 17,5 ppm, respectivamente. Se­­gundo o presidente da ABTO, o médico Bem-Hur Ferraz Neto, embora o índice do Paraná tenha superado a meta nacional – de 8,5 ppm – o estado tem potencial para apresentar uma realidade muito melhor. "A queda no número de transplantes ocorreu em vários estados, entre eles Rio Grande do Sul, Minas Ge­­rais e Rio de Janeiro. Ainda não sa­­bemos identificar os problemas re­­lacionados à doação de órgãos no Paraná. O nosso objetivo, este ano, é buscar esse diagnóstico para po­­der reverter esse processo", explica.

O foco da associação para o ano de 2010 serão as ações educacionais. "Queremos formar profissionais de captação cada vez mais preparados para sanar as dúvidas da população. Eles precisam atuar não só dentro dos hospitais, mas também nas comunidades."

Ações locais

A diretora da Central de Trans­plantes do Paraná Viviane Saloum reconhece que no segundo semestre de 2009 houve uma queda significativa no número de doações no estado. "A gripe suína foi uma das principais responsáveis, já que a prioridade dos hospitais era o atendimento aos infectados e o controle da doença. Fe­­lizmen­te, estamos retomando as doações desde janeiro."

Segundo Viviane, a Portaria 2.602 do Ministério da Saúde, que dobrou os valores investidos nas ações de incentivo, captação e transplante de órgãos, está sendo fundamental para levantar o nú­­mero de procedimentos no estado. "Novas equipes de captação estão se credenciando e temos um novo sistema de registro informatizado que permite que os próprios médicos façam o cadastro dos seus pacientes."

O novo sistema pela internet também poderá diminuir pela me­­tade o número de pacientes na fila do transplante. "Pacientes muito antigos, registrados nas décadas de 80 e 90, cujos médicos perderam contato, serão retirados da lista", explica. A criação de seis Orga­­ni­­zações de Pro­cura de Órgãos (OPOs), nos moldes das que já existem em São Paulo, também promete aumentar o número de doações e transplantes no estado.

Contemplada

Um dos 23 corações doados no Paraná durante 2009 foi recebido pela estudante Maiele Matoso Belo, 14 anos, operada em novembro. Maiele sofria há dois anos de uma miocardiopatia dilatada causada por toxoplasmose e precisou do transplante com urgência depois de ter sido infectada pelo influenza A.

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