Enquanto o tempo de espera por um transplante de córneas em estados do norte do país pode ultrapassar três anos, o número de órgãos no Paraná é suficiente para atender à demanda atual e ainda ajudar outros estados. Os paranaenses têm cedido cerca de 50 córneas por mês para centrais de transplantes do Maranhão, Pernambuco, Rio de Janeiro e Santa Catarina, de acordo com o Hospital de Olhos do Paraná.
Por existir essa disponibilidade, o hospital criou um programa para que pacientes de outras regiões façam o transplante por aqui, com o procedimento pago pelo Sistema Único de Saúde (SUS): o Programa Fila Zero. Os pacientes precisam assinar um termo de transferência para que sua posição na lista de transplantes seja recalculada e a córnea, liberada.
Ainda que não dependa da situação financeira do paciente, mas da ordem de inscrição, o processo até a cirurgia pode levar até 6 meses, porque muitos dependem da liberação do SUS para realizar os exames que antecedem o cadastro na lista de sua cidade. "Mesmo com a fila zerada no Paraná, percebemos essa demora nas liberações. Quem pode fazer a consulta particular acaba tendo vantagem na hora da inscrição", conta Hamilton Moreira, oftalmologista e coordenador do Banco de Olhos.
Diante dessa dificuldade, os pacientes que já conseguiram os exames principais, que são o hemograma e coagulograma, e a indicação comprovada para o transplante, podem receber todo o tratamento diretamente no Hospital de Olhos do Paraná. Há restrições para pacientes com mais de 50 anos de idade, que devem apresentar, ainda, um eletrocardiograma e raios X de tórax caso ele tenha histórico de doenças cardíacas.
Do Maranhão
Quando soube, pela televisão, que o Paraná havia zerado a fila do transplante, Márcia ligou para o cunhado em São Luís, no Maranhão, e o avisou. O aposentado Adalberto Cardoso Fraga de 64 anos estava há 3 anos esperando uma vaga para a cirurgia em sua cidade. Adalberto tinha catarata e glaucoma em ambos os olhos e foi em um procedimento cirúrgico para correção desses problemas que a visão dele foi afetada.
Após se inscrever para o procedimento cirúrgico em São Luís, e ter tentado se cadastrar via internet para a fila de Sorocaba, Adalberto chegou a Curitiba. Em 19 de outubro, pouco mais de 20 dias após sua chegada à cidade, ele foi operado e no mesmo dia pode voltar para casa dos parentes em Colombo.
Por enquanto ele ainda enxerga vultos ao tapar o olho com visão boa e ficar somente com o transplantado. A expectativa é de que em 45 dias ele comece a reconhecer as imagens. Durante esse tempo ele faz repouso e usa colírios para ajudar na lubrificação, além de fazer acompanhamento no hospital todas as semanas. "Agora eu volto lá daqui a duas semanas e, se a pressão do olho estiver boa, eu posso ter alta", completa Adalberto.
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