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Integração é maior na escola pública

Dos 26.002 alunos especiais matriculados no Paraná, apenas 804 (3% do total) freqüentam escola particular. Os demais estudam em instituições estaduais ou municipais, segundo dados do Ministério da Educação.

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A quantidade de crianças com necessidades especiais educacionais que dividem a sala de aula com os demais alunos no Paraná é a terceira maior do país. Atrás de São Paulo (62,5 mil matrículas) e Minas Gerais (40,9 mil), o Paraná registra 26.002 estudantes especiais freqüentando o ensino regular. A marca paranaense ultrapassa o total de matrículas registrado em toda a Região Norte do país (24,9 mil alunos). Os dados do Ministério da Educação (MEC) de 2006, porém, trazem a preocupação de garantir a qualidade de ensino a esses estudantes.

Será que as escolas estão abertas à inclusão? Quem responde é o professor Paulo Ross, que antes de se tornar doutor em Políticas Inclusivas, freqüentou escolas regulares e especiais, devido à deficiência visual. "As escolas podem, sim, incluir e, na medida que o fazem, vão aprendendo a incluir ainda mais." Ele defende que todas as escolas deveriam estar preparadas. "O principal motivo alegado pela não-inclusão é o despreparo dos professores. Isso é uma desculpa."

Foi na década de 80, num momento em que a inclusão era pouco debatida, que Ross ingressou no ensino regular. "Na minha época, o modelo dizia que eu, como aluno, tinha de me adequar e que a escola não podia se adaptar. Hoje é o contrário." Ele defende que as escolas regulares e especiais não devem entrar em conflito. Pelo contrário, os professores da escola especial podem capacitar os do ensino regular.

"No ensino especial, o aluno se desenvolve mais, mas a sociedade como um todo se modifica menos. Por causa disso defendo a inclusão", diz. No Paraná, porém, a grande maioria das crianças ainda freqüenta escolas exclusivamente especializadas (51,2 mil, ou seja, 66,4% do total).

Exemplos

Indiferente à discussão, a aluna Cínthia Micheline Wippel, 14 anos, de Curitiba, vai muito bem na escola regular. Ela estuda no Colégio Integral, onde pretende até dar palestras sobre a síndrome de Down. Segundo Cínthia, a síndrome não a impede de fazer nada diferente dos colegas. "Entre mim e minhas amigas não tem diferença. Não somos diferentes, mas também não somos iguais", diz, enquanto exibe as sete medalhas que conquistou em campeonatos de natação. Ela quer ser nadadora para participar dos Jogos Pan-Americanos.

Assim como Cínthia, a jovem Rafaela S., 17 anos, tem planos para o futuro, apesar de estar na outra via de inclusão, na Escola Municipal de Educação Especial Helena Antipoff. Rafaela foi uma das beneficiadas com a lei municipal que promove estágios educacionais nos órgãos das secretarias de Curitiba. O projeto foi proposto à Câmara de Vereadores pela direção da escola. "Recebo meio salário. Dou metade para minha mãe e metade coloco na poupança. Quero comprar uma casa." Depois de estudar de manhã na escola especial e trabalhar à tarde, Rafaela freqüenta o Ensino de Jovens e Adultos (EJA) regular.

"Na nossa escola atendemos uma clientela extremamente carente economicamente. Percebemos que tinha que se investir no mercado de trabalho. Aqui não é um depósito de alunos", explica o diretor do colégio, Ronaldo Schwantes. Ele desenvolve projetos para capacitar os jovens especiais tanto no mercado de trabalho quanto no ensino regular. "Criamos aqui uma sala chamada casa ambiente, onde as crianças fazem atividades que as famílias não permitem que elas façam", explica, com o olhar sempre voltado à inclusão.

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