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No  Jardim Tropical, em Piraquara, são constantes as enchentes do Rio Palmital | Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo
No Jardim Tropical, em Piraquara, são constantes as enchentes do Rio Palmital| Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo

Participação popular reduz problemas

Educação e conscientização da população também ajudam a diminuir o problema das enchentes. Não se trata apenas de deixar de jogar lixo nos rios, mas de a população compreender que pode fazer a sua parte. Segundo o professor da Universidade Positivo Júlio Gomes, é preciso ensinar os cidadãos a preservar as áreas verdes, inclusive nos quintais das casas. "Se todos colocarem cimentos ou lajotas nos quintais, a água não infiltra e corre para outro lugar, sem ser absorvida", afirma.

Gomes defende que, além de conscientizar, a prefeitura poderia dar isenção fiscal a quem auxiliasse a cidade por meio do Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações (Purae), instituído pela Lei Municipal 10.785/03. "Poucos têm a consciência para investir em algo que só vai gerar benefício ao próximo. Caso existissem incentivos, haveria mais interesse da população", argumenta.

A conscientização, na avaliação de Nelson Luís Dias, da UFPR, pode diminuir o número de mortes que acontecem em todos os verões no Brasil. "Tenho certeza de uma coisa: vai morrer muita gente no país por causa das chuvas. Por isso, esse é um assunto muito importante, que requer a participação de toda a sociedade", diz. "O tema precisa ser tratado também no inverno, na época da prevenção, antes dos problemas acontecerem", ressalta.

  • Veja as principais obras

O governo do Paraná e a prefeitura de Curitiba uniram forças para tentar minimizar os impactos das chuvas de verão na capital e na re­­gião metropolitana. Com base em um planejamento conjunto, o mu­­nicípio promete investir R$ 15 mi­­lhões em obras de drenagem, de­­sassoreamento de rios e de parques, enquanto o governo abriu licitação para a limpeza de rios em Curitiba, São José dos Pinhais, Al­­mirante Tamandaré e Pinhais – onde também serão construídas bacias de detenção (áreas destinadas ao alagamento durante as chuvas) no Rio Palmital –, prevendo a aplicação de até R$ 6,8 milhões.

É consenso que nenhuma cidade do mundo consegue conter as inundações, mas é possível torná-las menos agressivas. "As enchentes não vão acabar, queremos minimizar o impacto", admite o diretor de Pontes e Drenagens da Secretaria Municipal de Obras Públicas de Curitiba, Augusto Meyer Neto. As obras, que serão realizadas entre novembro e março do ano que vem, foram escolhidas com base em levantamentos preliminares do Plano Diretor de Drenagem, previsto para ser concluído até o fim de 2012.

Segundo Carlos Alberto Gale­­ra­­ni, diretor de Obras do Instituto das Águas do Paraná, autarquia vinculada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, a previsão de obras foi feita em conjunto com a Coorde­nação da Região Metropolitana (Comec). Assim como na capital, as obras eleitas pelo estado se baseiam no Plano Diretor de Drenagem da Região Metropolitana de Curitiba, de 2002. O objetivo é, além de beneficiar os municípios onde estão os rios, facilitar o escoamento da água da capital, especialmente com as obras no Rio Iguaçu, onde desemboca a maior parte dos rios que cruzam a capital.

Avaliação

O engenheiro civil Nelson Luís Dias, professor do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirma que as medidas são tecnicamente corretas. "Quando os rios estão limpos, a capacidade de escoamento melhora. Mas é difícil saber qual o nível de proteção que as obras oferecem", afirma. Dias salienta que as cheias têm natureza aleatória e, por isso, são difíceis preveni-las.

Doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, o professor Júlio Gomes, do programa de pós-graduação em Gestão Am­­biental da Universidade Positivo, é mais pessimista sobre o assunto, mesmo com o trabalho conjunto entre prefeitura e governo. "As cheias de Curitiba se devem à impermeabilização do solo e à ocupação de áreas impróprias. Mesmo que o Rio Iguaçu tenha maior capacidade de vazão, os problemas vão continuar acontecendo na cidade", afirma.

Gomes ressalta a importância do Plano Diretor de Drenagem, mas teme que o estudo não indique soluções para os problemas da capital. "Atualmente, defende-se que a água da chuva precisa ser retida", diz. De acordo com ele, existem duas formas de conter enchentes: uma é aumentar o número de áreas verdes e a outra é criar reservatórios artificiais ao longo da cidade. "Mas não existem espaços na capital para fazer isso na região central", diz.

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