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A distância entre ricos e pobres ainda é grande no Paraná. O nível de concentração de riqueza no estado é o maior da Região Sul, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2005, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é calculado por meio do índice Gini, um coeficiente de zero a um: quanto mais próximo da unidade, maior a desigualdade social.

O Paraná em 2005 melhorou em relação a 2004, caiu de 0,559 para 0,538. Mesmo assim, continua a ser o primeiro no ranking da Região Sul em concentração de riqueza – à frente de Rio Grande do Sul, com 0,520, e Santa Catarina, 0,483.

Isso ocorre por vários fatores, como a desigualdade da posse da terra. "Historicamente os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm uma distribuição de terra mais igualitária", explica Fábio Doria Scatolin, professor de desenvolvimento econômico da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Outra causa é a presença de bolsões de pobreza no estado, formados por municípios com os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) da Região Sul. No Paraná só 37% da população reside em municípios com IDH elevado, contra 71% em Santa Catarina e 65% no Rio Grande do Sul.

"É importante ressaltar que, de um ano para o outro, teve uma melhora significativa, mas o Paraná ainda está aquém do esperado. Temos regiões industrializadas, com elevado nível de renda, e outras abaixo da linha da pobreza, como o Vale do Ribeira e alguns municípios da região metropolitana", lembra Antônio Fernando Zanatta, coordenador do curso de Economia do Unicenp.

Os constrastes sociais estão em todos os lugares. No bairro Campina do Siqueira, em Curitiba, por exemplo, um campo de futebol separa uma favela de um aglomerado de prédios de classe alta. "Não temos medo e procuramos praticar a política da ‘boa vizinhança’, ajudando os vizinhos quando possível e até contratando algumas pessoas para fazer pequenos serviços em casa", conta a fisioterapeuta Claudiana Schiarello, de 33 anos, residente na parte nobre do local. "O que mais custa é não poder dar uma educação melhor como os ricos podem dar a seus filhos", contrapõe a auxiliar de cozinha Antônia Nelma Pereira, de 33 anos, que mora ao lado, em área de invasão.

Nacional

Há décadas, o Brasil e o Paraná mantêm índices de Gini elevados em relação a outros países. Nos Estados Unidos o coeficiente é de 0,40, na Bélgica, 0,22. "Depois de piorar durante anos (desde 1960), o índice tem melhorado a partir de 1996, mostrando uma certa desconcentração da renda, como acontece em outros países industrializados", explica Scatolin, da UFPR.

No Brasil, essa melhora, no entanto, não é fruto do desenvolvimento do país. "O país não cresce há 10 anos. A melhora no índice Gini não vem da geração adicional de renda, mas da distribuição da riqueza feita pelo governo por meio da alta carga tributária e os programas sociais, de uma forma não economicamente saudável porque não afasta os pobres da linha da miséria, é assistencialismo. É do estilo Robin Hood, tirar dos ricos e passar aos pobres", ironiza.

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