| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Não foi dessa vez que o Paraná conseguiu ascender à “primeira divisão” do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Novo levantamento divulgado nesta terça-feira (22), que analisa a evolução da taxa entre 2011 e 2014, mostra que o estado superou o Rio de Janeiro, assumiu a 4.ª colocação no ranking entre todas as unidades federativas, mas ainda assim não conseguiu alcançar o patamar mais elevado, que é o “IDH muito alto” – título mantido apenas por Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal.

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No intervalo analisado, o IDH paranaense avançou 3,81%, passando de 0,761 em 2011 para 0,790 em 2014, uma impulsão maior que a média nacional, que cresceu, no mesmo período, 3,11% (de 0,738 para 0,761). A lógica é que quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano interpretado pelo indicador, constituído em cima das vertentes educação, longevidade e renda.

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Especialistas apontam crise econômica, falta de investimento em políticas sociais e uma tímida administração regionalista como os maiores entraves a uma colocação mais avançada do Paraná no IDH. Segundo eles, embora não se possa ignorar as melhorias conquistadas nos últimos anos – tanto educação, como longevidade e renda evoluíram no estado –, o “terremoto” que engoliu a estabilidade econômica e política do país – ainda que atinja apenas o final do intervalo levado em conta pela pesquisa – pode ser observado como um dos reflexos nos indicadores estruturados pelo estudo.

“O contexto do início da crise não ajudou o Paraná, que mesmo sendo um dos ponteiros neste ranking, acabou sendo dos mais prejudicados”, pontua Daniel Nojima, diretor do Centro de Pesquisa do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Nojima explica que o impacto sofrido por setores da indústria no qual o estado sempre manteve destaque, como o ramo automobilístico e de bens de capital, por exemplo, atingiu em cheio os nossos indicadores.

Por outro lado, a coordenadora do Observatório das Metrópoles Núcleo Maringá Ana Lucia Rodrigues ressalta um investimento tímido em políticas sociais por parte dos gestores públicos. A coordenadora acredita que, por se tratar de um período que também engloba tempos áureos da economia nacional, “faltou ousadia” dos governantes para colocar em prática medidas que contribuíssem para dar mais fôlego.

“Em tempo de abastança, em que o desenvolvimento econômico alcançou nosso país e a gente tinha pleno emprego, os gestores são ousados o suficiente para fazer grandes investimentos. E isso poderia ter feito toda a diferença agora no final”, analisa Ana Lucia, que também é professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

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Jucimeri Silveira, professora do curso de Serviço Social da PUCPR e coordenadora geral do Núcleo de Direitos Humanos da mesma instituição, pondera que os índices positivos alcançados pelo Paraná também são frutos das políticas nacionais, mas, sobretudo, ainda dependem do destaque que alguns municípios em particular alcançam dentro desse patamar.

“Curitiba mesmo é um município com baixa vulnerabilidade social e uma alta prosperidade. Isso puxa o indicador para cima. No entanto, há muitas regiões do Paraná que ainda precisam de políticas regionais para reverter a baixa capacidade de gestão, a baixa atividade econômica local e melhorar o desenvolvimento social”, aponta. “Por isso, uma forma de melhorar futuramente esse índice é investir em políticas de desenvolvimento regional, que exploram a vocação de cada região, integram os municípios e, de quebra, previnem fenômenos sociais como a violência”.

Educação puxa IDH do Paraná

Enquanto o IDH longevidade e renda cresceram entre 2011 e 2014, respectivamente, 1,9% e 2,8%, o IDH de educação evoluiu 7,31% no Paraná no mesmo período. O aumento foi suficiente para tirar o estado, nessa vertente, de um índice médio e passá-lo para um índice alto.

“O crescimento da qualidade em educação hoje significa maior produtividade para o futuro. E produtividade é um dos elementos do crescimento”, avalia Daniel Nojima, do Ipardes.

Para o diretor, a elevação do IDH educação no Paraná não significa apenas a aplicação de mais investimentos, mas uma mudança no comportamento da sociedade, que passou a dar mais importância à questão nos últimos anos. Situação com a qual a professora da Jucimeri, da PUCPR concorda.

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“As pessoas estão mais cientes que manter alunos nas escolas acabam gerando mais renda nos municípios locais. E isso é resultado do esforço dos próprios municípios, que recebem as verbas federais, investem em educação e percebem o impacto direto na qualidade de vida da população”, afirma professora.

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