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O valor bruto da produção agrícola brasileira de 2005 foi 14,2% menor que o de 2004, conforme números divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor arrecadou R$ 13,6 bilhões a menos, principalmente por causa da seca que afetou a região Sul. O Paraná registrou queda de R$ 4 bilhões na renda agrícola ano passado – 29,4% das perdas nacionais. Com isso, perdeu o segundo lugar no ranking do valor da produção para o Mato Grosso, estado do Centro-Oeste considerado a grande fronteira agrícola do país. O IBGE começou a divulgar os números há cerca de seis meses. Eles se referem a 63 culturas permanentes e temporárias. No entanto, só agora foi confirmada a posição de cada estado em relação ao valor da produção agrícola. São Paulo lidera o ranking, sendo responsável por 17,6% dos R$ 95,46 bilhões arrecadados, bem à frente dos 13,9% do Mato Grosso, dos 12,1% do Paraná e dos 11,5% de Minas Gerais.

Soja

Segundo a avaliação do instituto, 80,1% da queda no valor da produção está relacionada à crise da soja. A expectativa nacional era de que fossem produzidas 63 milhões de toneladas de soja em 2005, 12 milhões de toneladas a mais do que o volume colhido. Mesmo assim, o produto ainda responde por 22,8% da renda agrícola do Brasil.

Além do Paraná, as estiagens de 2005 atingiram Goiás, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e, principalmente, o Rio Grande do Sul, agora o quinto colocado no ranking do valor da produção, atrás de Minas Gerais. As lavouras gaúchas renderam 2,44 milhões de toneladas de soja, 4 milhões de toneladas a menos que o previsto.

O Mato Grosso é o estado que mais cultivou soja, com 34,7% da produção de 2005. Em seguida vêm o Paraná (18,5%), Goiás (13,6%, Mato Grosso do Sul (7,3%), Minas Gerais (5,7%) e só então o Rio Grande do Sul (4,8%). São Paulo produz menos soja (3,3%), mas lidera o ranking do valor de produção porque é o maior produtor de laranja (80,5%), cana-de-açúcar (60,2%) e banana (17,6%). Além disso, destaca-se com 26,6% do cultivo da batata-inglesa, 21,6% do tomate, 15,5% da uva, 11,7% do milho e 9,4% do café. Já o Mato Grosso, além da soja, é o maior produtor de algodão herbáceo e tem ainda forte produção de arroz (17,2%) e milho (9,9%).

O fato de o Paraná ter perdido uma posição entre os que mais arrecadam na agricultura atestou as estimativas do setor. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a seca reduziu a produção das duas últimas safras em 22 milhões de toneladas e o Paraná respondeu por metade desse prejuízo.

Repercussão

"A produção de grãos é muito importante para o Paraná. Qualquer mexida no setor tem reflexo imediato na economia", observa o assessor técnico-econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) Carlos Augusto Albuquerque. Ele frisa que a queda na produção já era prevista.

Para a chefe da Divisão de Estatística da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), Gilka Cardoso Andretta, os dados do IBGE são parciais, já que consideram comparações foram feitas com base em um número limitado de produtos, aferidos pela própria Seab.

Gilka relata que o levantamento da Seab abrange 509 itens, e que o IBGE usa só os dados de 63, monitorados em todos os estados. Ela acredita que, se os mais de 500 itens fossem considerados, o tombo do Paraná seria menor. A retração verificada nos valores dos 63 produtos considerados pelo IBGE foi de 25,9%. A dos 509 considerados pela Seab foi de 11,5%.

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