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Imigrantes internacionais

PR tem a segunda maior população de estrangeiros do país

Foi a fama de país livre e democrático que atraiu o imigrante El Arbi Saadoui ao Brasil. Conhecido como "Árabe", esse marroquino de 31 anos mora em Foz do Iguaçu desde 2004 e diz não querer mais ir embora daqui. "Sabia que ia me dar bem no Brasil porque aqui não tem racismo e discriminação", diz. O Paraná é o segundo estado do país onde mais residem cidadãos estrangeiros.

Segundo o Censo Demográfico, em 2010 455,3 mil imigrantes internacionais viviam há menos de dez anos ininterruptos no Brasil, dos quais 66.732 (14% do total) moravam em terras paranaenses. São Paulo lidera esse ranking com 139.940 estrangeiros (33%).

Saadoui chegou em Foz do Iguaçu para trabalhar como designer de sobrancelhas, área na qual tornou-se especialista após fazer cursos no Marrocos. Na época, só conhecia um primo que morava na cidade. Cinco anos depois abriu o próprio salão e tornou-se referência na técnica de sobrancelhas com linha.

Ele conta que aprendeu a falar o português na prática, quando começou a atender clientes. "Não foi fácil, tem muita gíria". Saadoui saiu de Marrakesch, a cidade onde nasceu, porque sempre quis morar em outro país e aprender idiomas. Foi aí que viu no Brasil uma oportunidade para crescer.

Antes de mudar para Foz, o marroquino morou em São Paulo por um ano. Hoje, ele está distante do Marrocos, mas não esquece quem ficou por lá. Pelo menos uma vez ao ano, viaja ao país para rever a família. Em Foz do Iguaçu, vive rodeado de amigos, da filha e dos clientes. "O Brasil é um país de oportunidades".

Colaborou Denise Paro, da sucursal de Foz do Iguaçu

552 mil

Paulistas viviam no Paraná em 2010 segundo o Censo Demográfico – 5% do total da população paranaense. Além disso, São Paulo também foi o último estado de residência de 221.575 pessoas que se mudaram para terras paranaenses nos últimos 10 anos. Esse é o maior número entre as unidades da federação que perderam moradores para o Paraná na última década. No total, o Paraná tinha à época 1,7 milhão de moradores nascido em outras unidades da federação vivendo no estado.

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  • O marroquino El Arbi Saadoui, 31 anos, mora em Foz do Iguaçu desde 2004

Após duas décadas de perdas populacionais consideráveis, os fluxos migratórios de saída e entrada no Paraná têm perdido força. De acordo com dados do último Censo Demográfico, divulgados na quarta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e tabulados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econô­mico e Social (Ipardes), entre 2005 e 2010, 272.183 pessoas chegaram ao estado ante 293.693 que foram embora. No quinquênio 1995-2000, a diferença entre entrada e saída foi de 39.686 pessoas que deixaram o Paraná contra 21.510 agora.

A diminuição da "diáspora" paranaense é ainda mais acentuada na comparação com o período entre 1986 e 1991, quando mais de 475 mil pessoas nascidas nestas terras haviam deixado o estado contra 296 mil que chegaram – saldo de 206.110.

A perda da força da mi­­­­gra­­ção relacionada ao Pa­­raná ainda pode ser observada pelo ritmo de queda das taxas de migração de data fixa, que adota como referência pessoas com mais de 5 anos de idade que informaram residir – cinco anos antes – em município ou país diferente daquele de residência atual.

Enquanto o número dos que chegaram caiu 8% na comparação dos dois últimos quinquênios, a quantidade de pessoas que saíram teve queda de 13%. A migração de data fixa é mais consistente para avaliar os movimentos migratórios.

Explicação

De acordo com Anael Cintra, coordenador do Nú­­­­­­­cleo de Estudos Popu­­la­­cionais e Sociais do Ipardes, a fuga da população entre as décadas de 1970 e 1980 no Paraná se deu em razão do esvaziamento de áreas rurais, assim como no restante do país.

"Enormes fluxos populacionais abandonaram o campo, seguindo predominantemente para a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e áreas industriais do estado de São Paulo. Além de um terceiro e importante movimento destinado às áreas de fronteira agrícola no Centro-Oeste e Norte do Brasil."

Uma das causas que forçaram a saída da população do campo paranaense ocorreu em 1975, quando o fenômeno climático conhecido como "geada negra" dizimou as plantações de café no estado, arruinou milhares de produtores e marcou o fim de um ciclo econômico importante no Norte Pioneiro.

Segundo especialistas em movimentos migratórios, depois desse esvaziamento, o que se vê agora são deslocamentos menores – dentro do próprio estado. "As migrações no Paraná vêm seguindo as mudanças verificadas para quase todos os demais estados brasileiros: diminuição de deslocamentos de longa distância e aumento das migrações no interior do próprio estado", explica Wilson Fusco, demógrafo da Fundação Joaquim Nabuco.

Santa Catarina vira principal destino

Dentre os estados escolhidos pelos paranaenses quando saem da sua terra natal, Santa Catarina apareceu pela primeira vez como o principal destino – superando São Paulo. Essa, por exemplo, foi a escolha da maringaense Ana Caroline Casagrande, 23 anos, que há cinco anos escolheu Blumenau para estudar e já pensa no município catarinense como opção para viver após a conclusão do curso.

"No começo, senti falta da família, mas pela qualidade de vida acabei me adaptando. Aqui é perto das praias e vejo mais oportunidade de trabalho. Após passar pela residência, vou tentar ficar aqui", afirma a jovem, que cursa o quinto ano de Medicina na Fundação Universidade de Blumenau (Furb).

O estado vizinho recebeu mais de 117 mil paranaenses em migração de data-fixa em 2010 – 40% do total de pessoas que deixaram o Paraná. Já São Paulo recebeu, em 2010, 78.841 moradores nascidos no Paraná, número que já foi quase três vezes maior no início da década retrasada.

De acordo com Wilson Fusco, essa mudança pode indicar o esgotamento de absorção de trabalhadores em São Paulo. "Mas, naturalmente, a proximidade espacial também é um fator que explica a importância desse estado como destino", afirma.

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