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Tendência - Migração é mais forte dentro do estado

Apesar da tendência de estabilização populacional, os especialistas afirmam que a migração continua ocorrendo no Paraná. Só que em vez de mudar de estado, as pessoas estão apenas trocando de cidade."O fluxo interno é muito grande", diz a professora de Geografia da UFPR Gislene Santos. Segundo o professor Ricardo Rippel, da Unioeste, cidades como Curitiba, Londrina, Cascavel e Foz do Iguaçu continuam recebendo população de municípios menores. "Mudar é quase sempre um processo traumático. Por isso as pessoas buscam balancear as coisas. Se elas sentem a necessidade de buscar um novo local por melhores condições de vida, elas dão preferência a um local próximo e com características parecidas", ressalta Rippel.

A queda na saída para outros estados também é explicada por questões sócio-econômicas. "A grande reversão do fluxo migratório no estado deu-se a partir da década de 70, com a mecanização da lavoura e com os efeitos da geada negra", diz José Moraes Neto, presidente do Ipardes. Segundo ele, a crise levou muitas pessoas para Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia. Parte desse pessoal voltou para suas cidades e hoje busca emprego nas indústrias básicas e na construção civil. O oásis agrícola do Centro-Oeste perdeu força.

De acordo com Rippel, a tendência demográfica do estado é de que não surjam novas levas de imigrantes, como a dos gaúchos que chegaram ao Sudoeste paranaense a partir da década de 40, e nem grandes ondas de saída, como a gerada pelas perdas na agricultura na década de 70. (GV)

O Paraná perdeu cerca de 12 mil habitantes no ano passado, de acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) feito com base nos dados do Programa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística (IBGE). Segundo o Ipea, em 2006, vieram para o estado 262.629 habitantes e saíram 274.548. O saldo migratório (-11,9 mil pessoas) representa pouco mais de 0,1% da população total do estado.

"O Paraná era um estado que exportava habitantes. Isso continua, mas essa perda de habitantes vem gradativamente diminuindo desde a década de 90", explica Hérton Araújo, um dos responsáveis pelo estudo do Ipea. Na comparação com outros estados, o Paraná é o sétimo que apresentou menor oscilação populacional, atrás de Amapá, Amazonas, Acre, Sergipe, Pernambuco e Piauí.

Para o presidente do Ipardes, José Moraes Neto, os números do PNAD tabulados pelo Ipea permitem duas grandes constatações. Assim como Araújo, Neto vê uma tendência de estabilização migratória. "Não somos mais o estado que expulsava a população", ressalta. Apesar de o trabalho do Ipea não detalhar a situação de perda e ganho de habitantes por município, Neto vê no próprio PNAD e nos resultados iniciais da Contagem da População realizada pelo IBGE uma mostra de que houve uma diminuição nos extremos do Paraná. "Diminuiu o número de municípios que perdem população no estado. Por outro lado, as taxas de crescimento também baixaram", afirma.

Os dois também concordam ao apontar Curitiba e seus municípios vizinhos como principais pólos atratores do Paraná. "É um dado conhecido. A região metropolitana de Curitiba foi uma das que mais cresceram nos últimos anos em todo Brasil", diz Araújo. "Precisamos esperar a divulgação completa da Contagem (prevista para o dia 28 de dezembro), mas dá para dizer que os oito maiores municípios do estado continuam atraindo muita gente", ressalta Neto.

Escolha

Para o estudante de Administração de Empresas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Alexandre Odorizzi, Curitiba foi uma opção há quatro anos, quando ele passou em dois vestibulares, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da UFPR. Morador de Itapema, litoral de Santa Catarina, ele preferiu Curitiba a Florianópolis. "O foco em Comércio Exterior que eu queria não tinha lá", afirma.

Odorizzi se forma neste ano e já estuda uma proposta para mudar-se para Belo Horizonte, matriz da empresa em que trabalha. "Tem essa possibilidade, mas se não der certo eu fico aqui sem problema."

O gerente de Diversidade do HSBC, Mauro Rapahel, não teve muita escolha quando aceitou trabalhar no banco. "Eu nem sequer tinha passado por Curitiba e daí surgiu esse convite. Vim de São Paulo para cá sem saber nada da cidade", explica. Rapahel, porém, diz não ter se arrependido da mudança. "Me apaixonei pela cidade e no ano que vem minhas duas filhas virão morar comigo", ressalta.

O futuro profissional também fez a estudante Daiany Fiorati trocar Maringá pelo Rio de Janeiro. Fazendo teatro desde pequena, Daiany sempre viu no Rio a cidade em que poderia conseguir atingir seus objetivos de vida. "Sempre ouvi falar das escolas de teatro cariocas. Mas meus pais me achavam muito nova e não queriam que eu morasse em outra cidade longe deles."

Depois de dois anos cursando Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM), ela conseguiu o apoio dos pais e mudou-se para a capital carioca. Hoje ela faz graduação em teatro na UniRio e ainda estuda no curso profissionalizante da Casa das Artes Laranjeiras. Daiany não descarta a possibilidade de voltar ao Paraná. "Quem sabe para Curitiba, onde há um campo até bom para o teatro", conta. Caso volte ao Paraná, Daiany engrossará as estatísticas daquilo que os pesquisadores classificam como migração de retorno. "É o fenômeno em que as pessoas que vão para algum lugar voltam, seja por motivos financeiros ou familiares", ressalta Ricardo Rippel, doutor em Demografia e professor da Unioeste.

"Dá para perceber bem isso ao ver que Santa Catarina e São Paulo, por exemplo, tanto recebem quando mandam muitas pessoas para o Paraná. Onde há um fluxo, temos um refluxo", diz Hérton Araújo.

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