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Policiais de todo o estado participaram de operação:  só de maconha, foi recolhida 1,2 tonelada | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Policiais de todo o estado participaram de operação: só de maconha, foi recolhida 1,2 tonelada| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

As Polícias Civil e Militar e a Se­­cretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) realizaram operação especial para combater o tráfico de drogas no Paraná. E o saldo da ação foi positivo: 279 suspeitos de tráfico ou relacionados de alguma forma com o problema foram presos, além da apreensão de 1,2 tonelada de maconha, 3,5 quilos de cocaína, 14 mil pedras de crack e 52 armas. A ação, denominada "Paraná contra as drogas", foi coordenada pela Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc) e contou com a participação de 180 policiais no cumprimento de 566 mandados de busca e apreensão e de prisão. Em sua maioria, os encarcerados são do sexo masculino, na faixa de 25 anos.

"Essa foi de longe a maior apreensão da história do Paraná. A ação marca por se tornar realmente um dia de luta contra as drogas", afirmou ontem Luiz Fernando Delazari, secretário de Estado da Segurança Pública, um dia antes de ser sabatinado pelos deputados estaduais sobre a atuação da polícia no Paraná. O tráfico de drogas, conforme o secretário, está ligado a 90% dos homicídios ocorridos no Paraná, geralmente em regiões menos favorecidas, onde o Estado não está presente. Por esses motivos, o problema foge da esfera policial. "Não é uma questão só de polícia, porque envolve outras discussões da sociedade", diz. "É um problema de proporção mundial, enfrentado até em países desenvolvidos. Cada local, porém, tem particularidades", diz.

Realizar ações semelhantes com mais frequência, segundo Delazari, esbarra na dificuldade de planejamento. "Encontrar as rotas do tráfico é um trabalho de gato e rato", diz o secretário. Uma boa ação da polícia procura desmontar a hierarquia dos grandes traficantes, os distribuidores de drogas. "Deve se tentar encontrar os chefes, mas não se pode esquecer do pequeno tráfico. Em geral, são eles os responsáveis pelo elevado índice de homicídios", afirma Marcus Vinicius Michelotto, coordenador estadual da Denarc.

Não apenas drogas, mas o tráfico de armas também está diretamente relacionado à criminalidade brasileira e paranaense. "Com o crack, os criminosos passaram a enfrentar a polícia mais frequentemente, com um poder bélico cada vez maior", diz Delazari. A solução do problema, contudo, depende de uma mudança de comportamento por parte da população: sem consumidores, o tráfico inexistiria.

Coordenador do Centro de Estudos de Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pedro Bodê defende alteração na estrutura jurídica brasileira, sobretudo na questão do consumo, para transformar o panorama. Há tendência mundial de aumento do consumo de entorpecentes: 60% dos presos de todo o globo já se relacionam com o tráfico. "Em sendo uma ilegalidade, a polícia tem apenas a repressão como opção", diz. "Com isso, existe o aumento no número de prisões sem resolver o problema. Há outros meios de lidar com as drogas, diferentes da repressão", acrescenta.

A regulamentação da maconha, sob o controle do governo, semelhante ao que ocorre com álcool e tabaco, poderia ser discutida, na opinião de Bodê. "É inegável que a questão esbarra em questões de ética e responsabilidade de cada consumidor. É impossível se dissociar desses assuntos. E nem mesmo com uma possível regulamentação deve se abandonar a prevenção", explica.

Cartilha

Simultaneamente às ações repressoras, a Sesp e a Denarc lançaram cartilha com a intenção de prevenir o uso de entorpecentes entre jovens e adolescentes. O documento traz informações sobre os males de cada droga (do álcool ao crack, passando pelo ecstasy e anabolizantes) e jeitos de identificar usuários de cada substância. A cartilha orienta os pais sobre formas de educar as crianças e maneiras de conversar com jovens sobre drogas. A Denarc também organizou palestras em colégios e distribuiu panfletos em locais com aglomeração de cidadãos.

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